Bruxinha do Bem! 
Criar uma Loja Virtual Grátis
fisioterapia
fisioterapia

Exercícios para o tratamento da claudicação intermitente

INTRODUÇÃO
A Claudicação Intermitente (CI) é um sintoma da doença arterial periférica caracterizada por dor muscular no membro inferior desencadeada pela atividade física e alividada com o repouso. A dor se desenvolve como resultado do estreitamento do lumen arterial e consequente redução do fluxo sanguíneo. Pacientes com CI podem desenvolver limitações funcionais importantes e são mais propensos a apresentar aterosclerose sistêmica e estão em risco significantemente mais alto de evento cardíaco fatal.
Existem evidências favoráveis quanto ao uso de exercícios para o tratamento da CI. O guideline TASC II (Disponível para download no site http://www.tasc-2-pad.org/Client/EN/index.aspx?Composant=SSRubrique&IDBase=571&Methode=ClientFDetail&Ref=Downloadfulltextguidelines) recomenda um programa supervisionado de caminhadas. Segundo este guideline a velocidade e a intensidade da caminhada devem ser capazes de induzir a claudicação dentro de 3-5 minutos. A caminhada deve ser interrompida quando a dor for graduada em moderada (escore 2 de acordo com a escala subjetiva de dor para sintomas de claudicação; dá uma olhadinha na tabela abaixo) e o paciente deve repousar até a claudicação desaparecer. Após o repouso, o paciente deve reiniciar a caminhada até sentir novamente uma dor moderada. Este guideline recomenda ainda que o programa de caminhada deve começar com ciclos de exercício e repouso de até 30 minutos, podendo progredir até 60 minutos, 3 vezes por semana por 3 meses ou mais. Se o paciente for capaz de caminhar 10 minutos sem induzir dor moderada, a intensidade da caminhada pode ser aumentada.
Fonte: Silva e Nahas, 2002. Disponível para download em:http://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/viewFile/416/469

Os guidelines da American Heart Association e do American College of Cardiology (Disponível para download em: http://www.sirweb.org/clinical/cpg/PADExecSumm.pdf) recomendam os seguintes elementos-chave para um programa de exercícios:
  • Caminhada supervisionada em esteira ou pista em uma intensidade capaz de desencadear os sintomas de claudicação dentro de 3 a 5 minutos (escore de 1 na escala de dor relacionada a claudicação)
     
  • Caminhar até que a dor seja graduada em moderada (escore de 2 na escala de claudicação), seguida de repouso sentado ou mesmo de pé, até os sintomas desaparecerem
     
  • Repetir este exercício e ciclos de descanso por 35 minutos de caminhada intermitente.
     
  • Aumentar o programa de exercícios em 5 minutos por sessão até 50 minutos, 3 a 5 vezes por semana por um mínimo de 12 semanas.
     
De acordo com uma revisão da Cochrane publicada em 2000 (Abstract disponível => cliqueAQUI), indivíduos com CI que participaram de um programa de exercícios conseguiram caminhar percursos maiores sem sentir dor quando comparados a indivíduos que receberam placebo ou cuidados ususal. Uma busca atualizada da literatura foi realizada em 2008 por Watson et al (Abstract disponível =>  clique AQUI) e os achados do trabalho original da Cochrane foram confirmados.

MENSAGEM IMPORTANTE:

As evidências sugerem que programas de exercícios supervisionados são mais efetivos do que programas não supervisionados em aumentar a distância percorrida. Devem ser realizados em uma intensidade que desencadeie os sintomas (escore 1 na escala de dor em claudicação) em 3 a 5 minutos, interrompendo a caminhada se os sintomas se tornarem moderados (escore 2), repousando até os sintomas desaparecerem e então retornando a caminhar. O programa de exercícios deve ser de 30 a 60 minutos de exercício e descanso por sessão, de 3 a 5 vezes por semana , por no mínimo 3 meses.
 
Caso #6 Exercícios para Claudicação Intermitente
 
APRESENTAÇÃO DO CASO
O Sr. Phillips é um paciente de 61 anos, foi hospitalizado após apresentar episódio de pés frios. A angiotomogradia demonstrou uma oclusão de uma ponte (bypass) arterial prévia, e o Sr. Phillips foi tratado com imediata trombectomia do local e endarterectomia da artéria poplítea direita.
Acima o Sr. Phillips, momentos antes de dar entrada no hospital
 
Antes de atender o Sr. Phillips, a fisioterapeuta leu atentamente o prontuário com atenção especial a História Patológica Pregressa, a qual inclui Doença Arterial Coronariana (DAC), Infarto do Miocárdio (IM), além de fatores de risco para eventos cardíacos (hipertensão e hipercolesterolemia) e da medicação, a qual incluía beta bloqueadores. Na anamnese, a fisioterapeuta confirmou que o Sr. Phillips não sentiu angina desde o episódio de IM.
 
Utilisando guidelines de exercícios submáximos, o fisioterapeuta determinou que ele deveria interromper a atividade caso a frequência cardíaca do Sr. Phillip excedesse 85% de sua frequencia cardíaca máxima ou se sua  taxa de esforço percebido (TEP) exceder 14 . Pelo fato do Sr. Phillips estar recebendo uma dose ininterrupta de beta-bloqueadores, a fisioterapeuta optou por calcular a freqüência cardíaca máxima utilizando a fórmula: 164-0,7x(idade).
 
Em sua primeira caminhada supervisionada, o Sr. Phillips queixou-se de dor nas panturrilhas (esquerda mais intensa do que a direita) e parou de andar depois de 15 metros. Ele também se queixou de dor na região poplítea direita, mas este não era um fator limitante para a caminhada. O objetivo com o Sr. Phillips era andar 152 metros sem ter que parar. As respostas hemodinâmicas, incluindo freqüência cardíaca (FC), pressão arterial (PA), e TEP, foram monitoradas durante a atividade.
 
Como a fisioterapeuta aplica os resultados da revisão Cochrane ao Sr. Phillips?
A fisioterapeuta que atende o Sr. Phillips está ciente que um programa de caminhadas é benéfico para pacientes com DAC. Entretanto, sua dúvida é se o Sr. Phillips seria um bom candidato para um programa de exercícios supervisionados. Desta forma, usando o formato PICO (Paciente, Intervenção, Controle e Desfecho – para maiores informações sobre o PICO, clique AQUI), ela fez a seguinte pergunta clínica: Em um homem de 61 anos de idade, com trombectomia e endarterectomia de membros inferiores, um programa de exercícios supervisionados seria capaz de aumentar a distância caminhada ?
 
Ela realizou uma busca na literatura e determinou que a Revisão Sistemática de Bendermacher et al. forneceu informações relevantes para responder a sua pergunta. Apesar de 5 dos 8 estudos incluídos na Revisão Sistemática investigarem pacientes com CI estável sem cirurgia recente, a fisioterapeuta concluiu que isso não impediria a aplicação dos resultados ao caso do Sr. Phillips.
 
A cirurgia recente do Sr. Phillips não impediu ou limitou o exercício. Os estudos incluídos na revisão examinaram os efeitos de um programa de caminhada supervisionada, muitos deles de caminhada em esteira, em comparação com um programa de caminhada não supervisionada. O desfecho primário dos estudos era a distância máxima de caminhada, o qual também era o objetivo de Phillips. Com base na Revisão Sistemática, a fisioterapeuta recomendou um programa de caminhada supervisionada para o Sr. Phillips. No segundo dia pós-operatório, Phillips foi instruído quanto ao uso da Escala de Avaliação de Claudicação de Dor e foi capaz de andar 24 m em velocidade escolhida por ele mesmo em 68 segundos antes de sentir dor grau I, e mais 6 m em 12 segundos antes de sentir dor moderada. As resposta hemodinâmicas foram monitoradas, e os valores de interrupção não foram ultrapassados.
 
Importante notar que a resposta hemodinâmica não foi o fator limitante para o exercício e portanto a intensidade, tempo e tipo de prescrição de exercícios foram baseados na literatura que dá suporte ao uso de exercícios na CI (do contrário deveriam considerar a disfunção hemodinâmica). Nas sessões seguintes, a fisioterapeuta solicitou ao Sr. Phillips que diminuísse o ritmo de caminhada na tentativa de manter a caminhada por 3 a 5 minutos antes do início da dor moderada. Ciclos de exercício e descanso foram repetidos conforme tolerância, com uma meta de longo prazo de 30 minutos de caminhada. De acordo com os 2 guidelines para CI, a frequência de sessões deveria ser de 3 vezes por semana (TASC II) e de 2 a 5 vezes por semana (AHA / ACC). Com base na literatura para pacientes com CI e para pacientes com história de DAC, a fisioterapeuta recomendou que o Sr. Phillips caminhasse 5 vezes por semana.
 
Os resultados do atendimento do Sr. Phillips foram semelhantes aos descritos na Revisão Sistemática?
Nove dias após a cirurgia, o Sr. Phillips era capaz de deambular 41 m antes de iniciar a dor moderada. Ele foi capaz de alcançar esta distância com ciclos de exercício e descanso com duração de cerca de 4 minutos. No momento da alta hospitalar, o Sr. Phillips estava motivado para seguir seu programa de exercício supervisionado em acompanhamento ambulatorial. Ao final de 3 meses, o Sr. Phillips havia alcançado seu objetivo de andar 152 m (500 pés) sem parar. Ele continua a progredir o seu programa de caminhada com o objetivo de caminhar de forma intermitente por 45 minutos na maioria dos dias da semana.
 
O que pode ser aconselhado com base nos resultados dessas revisões sistemáticas?
As conclusões da revisão Cochrane por Bendermacher e cols. indicam que pacientes com CI se benefciam de um programa de exercícios supervisionados em termos de distância percorrida. Embora os pacientes com CI tenham muitas vezes co-morbidades que limitam a tolerância ao exercício, estas co-morbidades, muitas vezes não impedem a participação em um programa de exercício seguro e eficaz.
 
Fisioterapeutas devem prescrever um programa de exercícios individualizados considerando os objetivos do paciente, comorbidades e resposta ao exercício. Após a conclusão de um programa de caminhada supervisionada as estratégias para aumentar a longo prazo a participação num programa domiciliar de caminhada devem ser incorporados.
 

 

Estabilização Vertebral Segmentar, uma breve perspectiva histórica

 
Aquilo que hoje chamamos de exercícios de estabilização central (core stabilization) teve sua origem a partir do trabalho de um grupo relativamente pequeno de autores. Em 1989, um pesquisador chamado Bergmark publicou um estudo da estabilidade mecânica da coluna lombar. Este autor sugeriu a divisão dos músculos do tronco em dois grupos, denominados de músculos “estabilizadores globais” e “estabilizadores locais”. (também denominados de músculos profundos e superficiais, respectivamente. [Stability of the lumbar spine. A study in mechanical engineering]

Basicamente os estabilizadores globais atuam sobre vários segmentos e transferem força entre a pelve e caixa torácica e incluem os eretores da coluna e o músculo reto abdominal. Já os estabilizadores locais, como os multífidus, possuem inserição nas vértebras lombares e tem a função de manter a estabilidade mecânica da coluna lombar. 

Pouco após a publicação deste trabalho, Panjabi, um engenheiro biomédico,propôs um modelo conceitual para a compreensão da instabilidade da coluna vertebral (OBS: o modelo é dito conceitual, pois embora seja lógico e explique vários fenômenos relacionados a coluna, ainda não foi comprovado cientificamente) [Se quiser, pode baixar este trabalho clicando AQUI ]. Panjabi sugere que a estabilidade da coluna vertebral é dependente de 3 sub-sistemas: 

#1- O sub-sistema passivo, o qual consiste nos elementos estruturais estáticos da coluna vertebral, tais como as vértebras e ligamentos. 
#2- O sub-sistema ativo, formado pelos músculos e tendões que podem aplicar força à coluna vertebral, e
#3- O sub-sistema neural, constituído pelos elementos do sistema nervoso central e periférico, que monitoram a coluna vertebral.

O De acordo com este modelo, a instabilidade resultante da lesão de um componente do subsistema passivo (como uma lesão óssea ou ligamentar) poderia ser compensada, em parte, através da melhoria do desempenho dos sub-sistemas ativo e neural. (quem quise saber mais, eu já postei uma pequena resenha sobre este trabalho. Basta clicar AQUI)

Após o trabalho de Panjabi, um grande número de estudos que avaliaram a função da musculatura do tronco foram publicados. Cresswell e co-autores realizaram uma série de estudos sobre a função muscular do tronco e do controle da pressão intra-abdominal [clique AQUI e AQUI TAMBÉM para acesso aos abstracts]. Nestes trabalhos, os autores descobriram que a ativação do transverso abdominal (TRA) está correlacionada com a pressão intra-abdominal e que os músculos da parede abdominal se ativam antes do eretor espinhal quando o tronco recebe uma carga inesperada. 

Hodges e Richardson [Abstracts AQUIAQUI e AQUI TAMBÉM] identificaram evidências adicionais de “ativação preventiva do TRA e multífidus” com os movimentos dos membros. Aliás, estes trabalhos são interessantíssimos, pois demonstram por meio de eletromiografia que o TRA e multífidus se ativam milissegundos antes de movimentos voluntários do braço e membros inferiores, demosntrando claramente um mecanismo de antecipação (feedfoward) e que estes músculos desempenham um papel importante no fornecimento de estabilidade para a coluna lombar durante tarefas funcionais. Eles também descobriram que os padrões de ativação destes músculos foram diferentes em pacientes com lombalgia e em pacientes sem lombalgia, indicando um alvo potencial para intervenção terapêutica.

Muito dos trabalhos citados até aqui, serviram de base para uma publicação seminal por Richardson e Jull  intitulado Pain Control, muscle control – What exercises would you Prescribe? que descreve um programa de treinamento específico para a musculatura do tronco com foco especial sobre a contração isométrica simultânea dos músculos TRA e músculos multífido. [Cara, este trabalho é lindo, vale a pena ler!]. Neste trabalho, os autores propõem que o mecanismo de alívio da dor, alcançado com esta abordagem, se deu através da melhoria da estabilidade dos segmentos vertebrais da coluna lombar. A beleza deste trabalho está justamente no fato que o programa de exercícios foi construído por dois fisioterapeutas extremamente talentosos, utilizando como base o conceito teórico descrito por Panjabi. 

Esta abordagem se tornou a base para programas de estabilização lombar ou “core stabilization”, sendo este trabalho amplamente referenciado nas pesquisas seguintes que investigaram os exercícios de estabilização. 

Bem, espero continuar falando sobre este assunto em próximas postagens. 
Que o espírito de Aloha esteja com vocês
 

 

Flymoon - - - Você vai se surpreender

 
Olá pessoas,
Uma das coisas mais legais de se escrever um blog é a possibilidade de entrar em contato com pessoas e idéias interessantes. Gosto de pensar nesta relação de troca não só como uma possibilidade de ampliar minha rede de amizades, mas também como uma forma de agregar valor ao meu trabalho.
Recentemente fui apresentado a um equipamento que me chamou muito a atenção. Sua criadora, Clara Trigo (visite a págian dela clicando AQUI), é graduada em dança pela Escola de Dança da UFBA, com mais de 10 anos de experiência no conceito Pilates, sendo inclusive sócia fundadora da Associação Brasileira de Pilates.
O grande lance do Flymoon é que ele é uma meia lua invertida, que oferece instabilidade (como a bola e os rolos) porém com a possibilidade do paciente/praticante "ter algo no que se segurar". Este algo em que se segurar está entre aspas pois é justamente a borda da meia lua, a qual funciona como um ponto de referência fixa mesmo quando o praticante/paciente estivesse experimentando a instabilidade do equipamento.
Assista o video abaixo, eu achei particularmente interessante a ponte realizada com o flymoon, e tenho certeza que este equipamento pode oferecer muitas possibilidades em termos de fisioterapia.

Eu considero este equipamento como uma ferramenta promissora. Quem sabe daqui a alguns anos não venhamos a incorporar o flymoon em nosso arsenal terapêutico, assim como fizemos com o balancim, a cinta do Mulligan e a própria Bola Suíça?
Para saber mais visite o blog do flymoon (clique AQUI).
Ah! Uma coisa importante: Aqui embaixo tem um calendário com os workshops que serão ministrados. 
E aí, se animou?   
 
 
 
 
 
 
 
 

 

Boas notícias: 15 minutos de exercício aumentam sua expectativa de vida . . . Más notícias: assistir muita TV encurta sua vida.

 
Um trabalho publicado no periódico The Lancet este mês, apresenta evidências que meros 15 minutos de exercícios leves/moderados por dia podem reduzir o risco de morte em 14% e aumentar a expectativa de vida de pessoas sedentárias em 3 anos. 
Clique AQUI para acessar o resumo em inglês do artigo

Este estudo incluiu 416 175 pessoas de Taiwan com mais de 20 anos de idade em uma coorte entre 1996 e 2008, com uma média de seguimento de 8,05 anos (+/- 4,21). Com base no próprio relato dos exercícios praticados durante a semana e calculados os METs-hora para cada indivíduo, os participantes foram classificados em inativos (<3,75 met-h="" por="" semana="" pouca="" atividade="" 3="" 75-7="" 49="" m="" dio="" 7="" 50-16="" alto="" 16="" 50-25="" ou="" muito="" span="">> 25,50 MET-h por semana). Os autores calcularam o risco relativo em relação a mortalidade para cada grupo comparado com o grupo inativo, e a expectativa de vida calculada para cada grupo.

Comparados com indivíduos classificados como inativos, o grupo de pouca atividade, ou seja: os que que se exercitavam em média 92 minutos por semana (ou cerca de 15 minutos por dia), tiveram o risco de morte reduzido em 14%, e de morte por câncer em 10%, além de uma expectativa de vida três anos maior. Cada adicional de 15 minutos de exercícios diários além da quantidade mínima de 15 minutos por dia reduziu ainda mais o risco de morte em 4% e morte por câncer em 1%. Esses benefícios eram aplicáveis a todas as faixas etárias e ambos os sexos, e também para aqueles com os riscos de doenças cardíacas.

Coincidentemente, um outro trabalho sobre hábitos que podem aumentar (ou diminuir) sua expectativa de vida foi publicado no British Journal of Sports Medicine, intitulado “Television viewing time and reduced life expectancy: a life table analysis” cujos resultados sugerem que pessoas que assitem TV 6 horas por dia podem viver 4,8 anos a menos do que aqueles que não assistem. E os autores concluem que o impacto do hábito de assistir TV sobre a expectativa de vida pode ser comparável ao de fatores de risco para doenças crônicas, como o tabagismo e sedentarismo. 

Muito bem. Podemos aprender algumas lições a partir destes resultados:

A primeira, e que minha esposa faz questão que eu escreva no blog como retratação: as academias da franquia curves não são um desperdício total de dinheiro e nem são tão inúteis quanto parecem, e aproveito para pedir perdão publicamente por falar mal da curves em casa, diariamente nos últimos 3 meses.

A segunda lição: Está provado que assistir Faustão, TV Fama, Sônia Abrão e demais lixos televisivos além de destruir seu cérebro ainda sugam sua vida pelos olhos. 

Lição número 3: Se vai ficar na frente da TV, ao menos compre um nintendo Wii.

Quarta lição: Pouco é melhor que nada, porém quanto mais melhor. Já que se exercitar faz bem, porque se contentar com míseros 3 anos de vida a mais? Toma vergonha na cara e faz logo 1 hora de esteira, 50 abdominais, entra na aula de boxe thailandês, vai virar uma laje no final de semana e vê se aumenta esta expectativa de vida em pelo menos 30 anos ou mais. 

Por último porém não menos importante: Use protetor solar
 
E caso você esteja pensando que falar é fácil, difícil é arrumar tempo pra se exercitar, espero que o cartoon abaixo sirva como motivação.
 
O que se encaixa melhor em sua agenda lotada:
Fazer exercícios uma hora por dia ou estar morto 24 horas por dia?

 
 

 

Exercícios Pliométricos e Reabilitação

 
Sabe aquele Balancim, aquela Cama Elástica e aquele Bosu que ficam dando sopa no ginásio de fisioterapia e que ninguém nunca usa? 
Já pensou que eles podem ser úteis para desenvolver atividades pliométricas? 
Pois é, a pliometria pode ser uma boa opção de exercício para alguns pacientes. 
Se interessou? 
Então continue lendo a matéria e bons estudos.


AVISO AOS NAVEGANTES:
Este é uma postagem voltada para estudantes e profissionais. 
Não sou professor de Educação Física, não prescrevo exercícios, e não faço consultas pela internet. Dito isso, vamos ao que interessa. 
 
 


Os Exercícios Pliométricos

 
Exercícios pliométricos são basicamente exercícios que envolvem uma breve contração excêntrica seguida de uma contração concêntrica explosiva. Esta seqüência de contrações é denominada de Ciclo Alongamento-Encurtamento (também chamado Ciclo Excêntrico- Concêntrico ou de Contra Movimento). Portanto, principal característica da atividade pliométrica (e o que a diferencia dos demais exercícios) é a capacidade de armazenar energia elástica na musculatura e tecido conjuntivo para que seja utilizada durante a contração concêntrica deste mesmo músculo. Além disso, acredita-se que o treinamento baseado nestes ciclos é capaz de melhorar a capacidade de reação do sistema neuromuscular ao recrutar unidades motoras numa mínima quantidade de tempo.
 
A aplicação de treinamento pliométrico tem evoluído nos últimos anos e acabou chegando ao campo da reabilitação. Alguns protocolos recentes incluem o exercício pliométrico como um meio para melhorar a função e facilitar o retorno ao esporte.
 
Esta postagem tem como objetivo descrever os mecanismos envolvidos na atividade pliométrica e discutir como podem ser utilizados em reabilitação. Mas antes, vamos compreender melhor o Ciclo Alongamento-Encurtamento.
 
O Ciclo Alongamento-Encurtamento
 
Além da definição de Ciclo Alongamento-Encurtamento (CAE), é importante saber também que ele é dividido em três fases:
 
[1] Fase Excêntrica ou de Pré-Alongamento,
[2] Fase de Amortização, e
[3] Fase Concêntrica, fase de Resposta Concêntrica ou de Encurtamento.
 
A primeira fase é a Fase Excêntrica, também descrita como preparatória. É nesta fase que ocorre o armazenamento de energia elástica, e também o estímulo dos receptores musculares (os fusos musculares são estimulados e alongados durante a contração excêntrica dos agonistas).
 
A fase seguinte, denominada de Fase de Amortização, é o intervalo entre a contração excêntrica e a concêntrica. Pra ser mais exato, ela se inicia quando a contração excêntrica começa a diminuir de intensidade e termina com o início de uma força concêntrica. Para fins de treinamento, o ideal é que esta fase seja realizada o mais rápido possível, de modo que a energia elástica armazenada na fase anterior não tenha o risco de se dissipar em forma de calor no interior do músculo. O rápido alongamento (carga excêntrica) deve ser imediatamente seguido de uma acelerada contração concêntrica explosiva, para maximizar a força gerada.
 
A terceira e última fase é a fase de Resposta Concêntrica, ou seja, a fase na qual se gera o movimento explosivo. Neste momento do movimento pliométrico se tem a somatória da fase de preparação e amortização. Esse é o estágio produtivo, devido à contração concêntrica estimulada.
 
Uso de exercícios pliométricos em reabilitação
 
Os exercícios pliométricos são usados no treinamento de atletas para desenvolver força explosiva, melhorar a reatividade muscular através da facilitação do reflexo miotático e da dessenssibilização dos OTGs e melhorar a coordenação intra e extra articular Analisando os efeitos desses exercícios, acredita-se que estes podem ser benéficos na prevenção de lesões e também na reabilitação, principalmente de atletas
 
Escolhendo os candidatos.
Por mais que você goste, acredite e deseje ardentemente incluir exercícios pliométricos na sua rotina de tratamento, obviamente nem todos os pacientes tem indicação ou se beneficiariam da prática destes exercícios.
Com base no princípio da especificidade, (que o treino deve se aproximar ao máximo da atividade real), o exercício pliométrico é indicado para pacientes que desejem retornar à atividades que incluem movimentos explosivos.
Em geral, exercícios de reabilitação são executados em baixa velocidade, com resistência leve/moderada e, muitas vezes, em planos de movimento bem controlados. Sem dúvida estes exercícios promovem o recrutamento, melhoram a força, e aumentam a resistência muscular, entretanto falham em simular a velocidade, força ou planos de movimento que são encontrados durante uma competição atlética, ou seja: eles não reproduzem as demandas e habilidades necessárias na atividade para qual o atleta está sendo reabilitado.
Conseqüentemente, o exercício pliométrico tem sido recomendado para fazer a ponte entre os exercícios de reabilitação tradicionais e atividades desportivas específicas.
 
Contra-indicações
Contra-indicações para iniciar o exercício pliométrico são: inflamação aguda ou dor, pós-operatório imediato e instabilidade articular. Patologias comuns, como artrite, lesões musculares ou lesão condral são contra-indicações relativas, e devem ser muito bem avaliadas, pois dependem da capacidade do tecido de tolerar a geração rápida de forças de grande intensidade e da articulação tolerar a sobrecarga imposta.
 
Considerações Finais
Muitos exercícios pliométricos, mesmo em baixas intensidades, expõem as articulações a forças intensas e altas velocidades de movimento, e definitivamente não são adequadas para as fases iniciais da reabilitação. Antes de iniciar o exercício pliométrico, os pacientes devem ser capazes de tolerar as atividades cotidianas sem dor ou edema. Caso contrário, as altas forças envolvidas irão provavelmente agravar o problema. Além disso, os pacientes devem ter Amplitude de Movimento praticamente completa e um nível adequado de força, resistência e controle neuromuscular para executar corretamente o exercício pliométrico com baixo risco de exarcebar os sintomas.
 
As justificativas para a utilização da pliometria na reabilitação de atletas leva em consideração principalmente a influência destas atividades sobre: a resposta reativa muscular, a sincronização da atividade muscular e da atividade miotática. É possível que um programa de exercícios pliométricos aumente a eficiência neural, corrigindo déficits proprioceptivos e aprimorando o controle neuromuscular.

... postagem kilométrica

Espero que seja útil

Aloha!
 
REFERÊNCIAS:
 
 

Exercícios antes da artroplastia podem ser benéficos

 
Em um estudo recente publicado no periódico “Journal of Strength and Conditioning Research”, pesquisadores da Universidade de Louisville (USA) Investigaram os efeitos de um programa de exercícios conduzido antes da cirurgia de Artroplastia de Joelho (pré-reabilitação) e concluíram que é possível ganhar força e diminuir a dor mesmo em pacientes com artrose avançada.
Em matéria disponível no site Science Daily, a pesquisadora Ann UofL de Swank, (Ph.D. em Fisiologia do Exercício) comenta alguns pontos da pesquisa.

"Criamos este programa para ser facilmente transferido para um ambiente de casa", disse Swank. "É muito fácil para os pacientes que se preparam para a cirurgia de substituição do joelho participarem deste programa e desta forma, conseguir melhorar seu desempenho em atividades funcionais tais como levantar de uma cadeira ou subir escadas." No entanto, Swank ressalta que o programa de pré-reabilitação não foi capaz de melhorar significativamente a velocidade de andar ou descer. O estudo incluiu 71 pacientes agendados para cirurgia de joelho devido artrose grave que não podia ser controlada com medicamentos para a dor.
 
A artrose do joelho é uma condição muito comum em idosos, causando dor e diminuição gradual da capacidade de realizar tarefas cotidianas. Quando a dor se torna tão grave que os medicamentos já não conseguem mais garantir alivio, a cirurgia de substituição do joelho é a única opção. É importante ressaltar que até chegar neste ponto, a redução na força do Membro Inferior pode ter evoluído ao longo de vários anos, não só diminuindo a capacidade funcional, mas também aumentando o risco de quedas.

Os pacientes no grupo "pré-reabilitação" se exercitaram na clínica e em casa,três vezes por semana, por 4-8 semanas antes da cirurgia de substituição do joelho. Os pacientes no grupo de comparação receberam apenas os cuidados pré-operatórios normais, com instruções para continuar suas atividades habituais. Os dois grupos foram comparados em relação a força de joelho e desempenho em testes funcionais.

Quando avaliados uma semana antes da cirurgia, os pacientes que passaram pelo programa de pré-reabilitação mostraram melhorias em diversas áreas. Em particular, eles tiveram um aumento de 10% na força de extensão da perna. Além disso, pacientes no grupo pré-reabilitação tinham menos dor ao realizar os testes funcionais. Para pacientes recebendo tratamento padrão, o desempenho em alguns testes funcionais piorou nas semanas antes da cirurgia - possivelmente refletindo os escores aumentados de dor.

O fortalecimento de quadríceps antes da artroplastia de joelho pode ser um fator particularmente importante - o exercício pode reduzir o desequilíbrio de força, contribuindo para a melhora funcional. Os pesquisadores fazem notar que, mesmo com o exercício, a perna operada mantinha-se significativamente mais fraca do que a outra.

Estudos anteriores já haviam avaliado os programas de exercícios para melhorar a força da perna e capacidade funcional antes da cirurgia de substituição do joelho, mas com sucesso limitado.
Embora o estudo não compare a recuperação no pós-operatório, o aumento da força nas pernas e no desempenho de tarefas funcionais antes da cirurgia de substituição do joelho pode resultar em uma melhor recuperação pós-operatória.
O pesquisador Robert Topp, co-autor do estudo, observou que para além dos aspectos clínicos, há o potencial de redução de custos também.
"O próximo passo da pesquisa é determinar se este programa de exercícios pode se reverter em redução de custos. Por exemplo, a redução do número de dias de permanência do paciente no hospital ou redução no número de sessões de fisioterapia."

 
Na minha opinião, o grande mérito desta pesquisa é demonstrar que vale a pena investir em fortalecimento muscular mesmo em pacientes que estão às vésperas de fazer cirurgia. Infelizmente a pesquisa não acompanhou os pacientes no pós-operatório para confirmar suas suspeitas. Gostaria muito de saber o que aconteceu com o grupo controle e com o grupo intervenção no follow up... mas fica aí a sugestão para alguém que decida fazer o mestrado ou o doutorado...

 
 
 

 

Transferência do Solo para Bola Suiça

 
Ora Bolas . . .
As bolas suíças são um excelente recurso terapêutico. Com elas podemos treinar equilíbrio, força , coordenação e ajustes posturais de nossos pacientes. No caso do tratamento de crianças, ainda conseguimos incluir um componente lúdico em nosso trabalho.
Gostaria de compartilhar alguns rabiscos que ando fazendo para tentar ilustrar alguns manuseios utilizando bolas suiças em pediatria. De fato, espero algum dia escrever um livro ilustrado com as diversas possibilidades terapêuticas que a bola suíça é capaz de acrescentar na sessão de fisioterapia pediátrica.
 
Transferência do solo para a bola
Os desenhos abaixo referem-se a uma técnica utilizada para transferir do solo para a bola suíça bastante útil para ser utilizada em pacientes com mielomeningocele baixa ou paraplegia. No caso de crianças, trata-se de adicionar um pouco de brincadeira na sessão, além de estimular o sistema vestibular enquanto ela passa do solo para a bola. No caso de adultos é uma forma de transferir um paciente para a bola sem precisar da ajuda de outro terapeuta.
Devo avisar que este manuseio não é tão fácil quanto parece. Por isso recomendo que caso resolvam utilizar, que treinem em colegas antes de usar no paciente (Dê preferência às baixinhas e magrinhas. Depois d epeggar a manha da coisa tente em humanos de tamanho normal) .
Na figura abaixo, tem a posição inicial: Paciente sentado em long sitting com as costas apoiadas na bola (a terapeuta apóia a bola com as pernas pra ela não sair rolando). Você vai precisar de um espaço de mais ou menos 2 metros atrás de você, pois o manuseio exige o deslocamento rápido para trás. Verifique também se não tem nenhum obstáculo para não acabar em uma video cassetada. Como obviamente vocês vão treinar em uma colega antes de tentar no paciente, aproveitem cada tentativa e perguntem como a cobais se sentiu, em termos de conforto e segurança.

Na figura acima perceba o detalhe das mãos e cotovelos da terapeuta

Chamo atenção para o detalhe das mãos nas axilas: Os polegares devem ficar pra fora para não machucar, e cotovelos da terapeuta apontando para os lados – acreditem: isso faz toda a diferença entre uma transferência dolorida e uma transferência confortável.
Após ajustar a posição inicial, você conta até 3 e ao mesmo tempo que se desloca para trás em vários passos curtos, você traz a colega para junto de você fletindo os cotovelos e trazendo os braços para trás e para cima, até conseguir colocá-la sentada na bola (é sentado de verdade. Não vale deixar todo troncho não). No final trave novamente a bola com suas pernas e sempre com ao menos uma das mãos em contato com o paciente, passe para a frente dele e Voilá! Você já pode continuar o tratamento.

Na figura acima o detalhe fica por conta dos passos para trás ao mesmo tempo em que se traciona a criança para junto do corpo, em uma direção diagonal para trás e para cima.


Obs: Os passos devem ser curtos e rápidos, é mais ou menos como se você desse uma corridinha para trás
Na figura abaixo tem a ilustração de como o paciente se desloca no percurso. Percebam que é como se ele grudasse na bola e fosse rolado para cima.

Se você fez tudo certo, terá a sua colega sentada na bola ao final do manuseio (que dura mais ou menos 3 segundos). Se fez errado ela estará no chão rindo ou te xingando.

Pratiquem em casa ou no estágio até o colega não te xingar mais, e lembrem-se:
A prática leva a perfeição.
 

 

Video tutorial de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva - PNF

 
Quem fez o curso de PNF vai adorar a postagem de hoje.
Encontrei um video na internet com os padrões básicos de escápula, pelve, pernas e braços. Quem já fez o curso de PNF vai poder relembrar muitas coisas, principalmente em relação à postura e a mecânica corporal. Para quem não fez o curso... bem, fica a curiosidade, pois o grande lance do curso (ao contrário do que muita gente pensa) não são os manuseios em diagonal, mas sim o raciocínio clínico de como combinar estes padrões dentro de atividades funcionais.

Este video está em inglês, mas é bastante explicativo para a galera que já fez o curso e quer relembrar algumas posições. Baixe todos os links em uma única pasta, descompacte utilizando o Winrar e depois é só assistir com pipoca e guaraná.

 

Exercícios terapêuticos em pacientes com Lesão Medular

 
medula espinhal é um fino cordão de nervos localizada dentro da coluna vertebral. De uma forma extremamente simplificada, podemos dizer que a função principal da medula é transmitir os comandos do encéfalo para o corpo e também as informações sensoriais do corpo para o cérebro. Uma analogia clássica é comparar os nervos que formam a medula a fios telefônicos. Quando ocorre uma lesão na medula esta comunicação é interrompida, resultando em perda da sensibilidade e/ou da força muscular abaixo do nível da lesão.

Existe uma grande variedade de abordagens fisioterapêuticas que podem ser utilizadas no tratamento de pacientes com lesão medular:
  • Terapia manual – Alongamento muscular e mobilização articular para prevenção de encurtamentos e deformidades.
  • Eletroterapia – O recurso mais difundido é o uso da FES (Functional Eletro Stimulation - Eletro Estimulação Funcional), com o objetivo de estimular a musculatura parcialmente afetada e manter o trofismo e metabolismo nos principais grupamentos musculares abaixo do nível da lesão.
  • Cinesioterapia Respiratória – Dependendo do momento em que este paciente está sendo atendido (fase aguda X fase crônica), do nível de lesão e da necessidade de suporte ventilatório, poderão ser necessárias manobras de tosse assistida, exercícios com incentivadores inspiratórios e manobras desobstrutivas.
  • Exercícios Terapêuticos – com o objetivo de treinar transferências posturais (cadeira de rodas para cama, solo, carro, vaso sanitário), treinamento visando ganhos no equilíbrio de tronco, atividades para desenvolver destreza no deslocamento com cadeira de rodas, fortalecimento muscular e condicionamento cardiovascular (Sim! Treinamento aeróbico com a cadeira de rodas é fundamental!)

Em minhas andanças na web, encontrei um site bastante útil, tanto para acadêmicos de fisioterapia quanto para colegas que pretendem se especializar em fisioterapia neurológica. Trata-se do site http://www.physiotherapyexercises.com/.

 

Este site contém 950 exercícios e 21 videos. Porém o mais interessante é a interface de busca pelo exercício. Você pode preencher até sete critérios: (1) O nível da lesão, ou se é AVE ou atraso motor, (2) Tipo de exercício - repiratório, fitness, equilíbrio, etc..., (3) Parte do corpo, (4)Equipamento - halteres, theraband, etc... (5) nível de dificuldade (6) faixa etária e (7) se a ilustração mostra o exercício para o dimídio direito ou esquerdo. Você não precisa preencher todos os critérios para fazer uma busca no site.

Um outro recusro muito legal é o de videos, ou melhor: animações em GIF , que demonstra pacientes com diferentes níveis de lesão realizando elevação em long sitting do leito, elevação da cadeira de rodas, rolando, e realizando transferências. Infelizmente tá tudo em inglês, mas não é nada que o tradutor do Google não resolva

 

 

videos de Exercícios Terapêuticos II

 
Olá pessoal,
Encontrei outro site com videos gratuitos de exercícios terapêuticos, trata-se do site"Therapeutic Exercise Videos", que apresenta uma proposta bem interessante. Os criadores do site tem o objetivo de aumentar o sucesso e a satisfação dos pacientes com os exercícios terapêuticos. Segue abaixo a tradução da justificativa deste esforço: 

Transferência do Solo para Bola Suiça

 
Ora Bolas . . .
As bolas suíças são um excelente recurso terapêutico. Com elas podemos treinarequilíbrio, força , coordenação e ajustes posturais de nossos pacientes. No caso do tratamento de crianças, ainda conseguimos incluir um componente lúdico em nosso trabalho.
Gostaria de compartilhar alguns rabiscos que ando fazendo para tentar ilustrar alguns manuseios utilizando bolas suiças em pediatria. De fato, espero algum dia escrever um livro ilustrado com as diversas possibilidades terapêuticas que a bola suíça é capaz de acrescentar na sessão de fisioterapia pediátrica.
 
Transferência do solo para a bola
Os desenhos abaixo referem-se a uma técnica utilizada para transferir do solo para a bola suíça bastante útil para ser utilizada em pacientes com mielomeningocele baixa ou paraplegia. No caso de crianças, trata-se de adicionar um pouco de brincadeira na sessão, além de estimular o sistema vestibular enquanto ela passa do solo para a bola. No caso de adultos é uma forma de transferir um paciente para a bola sem precisar da ajuda de outro terapeuta.
Devo avisar que este manuseio não é tão fácil quanto parece. Por isso recomendo que caso resolvam utilizar, que treinem em colegas antes de usar no paciente (Dê preferência às baixinhas e magrinhas. Depois d epeggar a manha da coisa tente em humanos de tamanho normal) .
Na figura abaixo, tem a posição inicial: Paciente sentado em long sitting com as costas apoiadas na bola (a terapeuta apóia a bola com as pernas pra ela não sair rolando). Você vai precisar de um espaço de mais ou menos 2 metros atrás de você, pois o manuseio exige o deslocamento rápido para trás. Verifique também se não tem nenhum obstáculo para não acabar em uma video cassetada. Como obviamente vocês vão treinar em uma colega antes de tentar no paciente, aproveitem cada tentativa e perguntem como a cobais se sentiu, em termos de conforto e segurança.

 

 

 

 

 

Na figura acima perceba o detalhe das mãos e cotovelos da terapeuta

Chamo atenção para o detalhe das mãos nas axilas: Os polegares devem ficar pra fora para não machucar, e cotovelos da terapeuta apontando para os lados – acreditem: isso faz toda a diferença entre uma transferência dolorida e uma transferência confortável.
Após ajustar a posição inicial, você conta até 3 e ao mesmo tempo que se desloca para trás em vários passos curtos, você traz a colega para junto de você fletindo os cotovelos e trazendo os braços para trás e para cima, até conseguir colocá-la sentada na bola (é sentado de verdade. Não vale deixar todo troncho não). No final trave novamente a bola com suas pernas e sempre com ao menos uma das mãos em contato com o paciente, passe para a frente dele e Voilá! Você já pode continuar o tratamento.

 

 

 

 

 

Na figura acima o detalhe fica por conta dos passos para trás ao mesmo tempo em que se traciona a criança para junto do corpo, em uma direção diagonal para trás e para cima.


Obs: Os passos devem ser curtos e rápidos, é mais ou menos como se você desse uma corridinha para trás
Na figura abaixo tem a ilustração de como o paciente se desloca no percurso. Percebam que é como se ele grudasse na bola e fosse rolado para cima.

 
 
 
 
 
Se você fez tudo certo, terá a sua colega sentada na bola ao final do manuseio (que dura mais ou menos 3 segundos). Se fez errado ela estará no chão rindo ou te xingando.

Pratiquem em casa ou no estágio até o colega não te xingar mais, e lembrem-se:
A prática leva a perfeição.
 

Enfaixamento de ombro hemiplégico

 
Olá pessoal,
A principal motivação para criar este blog foi a de compartilhar informações. Nem sempre estas informações são baseadas em ensaios clínicos duplo cegos randomizados.... Mas isso não é motivo para não postar um ou outro macete, não é mesmo? Na postagem anterior, eu falei sobre o ombro hemiplégico subluxado, porém não abordei o mais importante: As possibilidades de tratamento.
O tratamento do ombro hemiplégico utilizando FES é muito bem documentada e existem diversos links disponíveis na web. Porém existe uma outra abordagem, que embora menos efetiva do que o FES, pode vir a ser útil em alguns casos. Na postagem de hoje irei disponibilizar um passo a passo de como fazer o enfaixamento do ombro hemiplégico subluxado.

Material:
#1- Um rolo de atadura de baixa elasticidade.
#2- Uma estagiária disposta a ser cobaia.Como fazer 
 
 
#1- Inicie o enfaixamento pela parte anterior do tronco, mais ou menos na altura da clavícula, como na figura ao lado. Com uma das mãos, fixe a extremidade proximal da faixa enquanto com a outra mão você traciona para baixo em uma direção diagonal, se preparando para envolver o braço da cobaia.





#2- Envolva o ombro da cobaia com a faixa, dando duas voltas, como na figura ao lado. Um detalhe importante neste momento é não permitir que a faixa se enrole. Uma faixa muito fina pode acabar pressionando o plexo braquial causando dor, e se o paciente tiver alteração da sensibilidade, pode causar uma neuropraxia. Portanto muito cuidado com a tensão aplicada. Ao dar duas voltas, você aumenta a área de contato e distribui melhor a pressão em volta do braço. Outro detalhe: enfaixe até mais ou menos a metade do comprimento do braço.


 



#3 - Ao término da segunda volta, direcione a faixa em uma direção diagonal superior como na figura ao lado.




 


 


#4 - Agora aproveite a direção e passe a faixa pelas costas da cobaia, passando por sobre o trapézio superior contralateral como na figura ao lado.



 



 



#5 - Agora passe a faixa envolvendo a axila contra lateral, dando uma volta completa e retornando pelas costas, como nas figuras abaixo.
 
 

  
 


 


#6 - Olha que legal. agora que você completou a volta é só prender as duas pontas da faixa com as presilhas e Voilá!
 
Abaixo as fotos de como a faixa fica em uma vista lateral, anterior e posterior. Se você aplicou corretamente o enfaixamento, sua cobaia acadêmica deverá relatar que sente o ombro tracionado para cima.
Veja na figura abaixo como fica o enfaixamento visto de lado, por trás e pela frente.
 
 
 
 

 

 

Conceito Mulligan, faça você mesmo as cintas de mobilização.

 

 
Em uma postagem anterior (30 de novembro de 2008), disponobilizei a tradução de um artigo sobre tratamento de entorse de tornozelo utilizando mobilizações do conceito Mulligan. Espero em um futuro próximo escrever um pouco mais a respeito desta técnica e também passar algumas manobras, pois é uma técnica que eu gosto muito e considero essencial para qualquer fisioterapeuta.
Uma das peculiaridades do conceito Mulligan é o uso de cintas (também denominadas cintos ou faixas), para realizar o deslizamento articular durante a mobilização. Estas cintas foram inicialmente utilizadas no método Kaltenborn, e posteriormente adaptadas por Brian Mulligan à suas técnicas de mobilização. Elas facilitam enormemente os manuseios. Quem faz o curso geralmente recebe uma destas cintas para praticar (que já está incluída no valor do curso) ou em alguns curso elas são vendidas separadamente.
Hoje deixarei todas as dicas par você fazer em casa sua própria cinta do Mulligan a um custo irrisório.
É muito simples e barato:
Você vai precisar de:
# 3 metros de faixa de algodão (o nome comercial é cadarço de algodão), peça a faixa mais larga ! a que eu usei tem aproximadamente 5 cm de largura.
# 1 fecho Tic-Tac
# 1 costureira (serve mãe, sogra, avó ou vizinha)
 
 
Acima o material necessário: 1 fecho Tic-Tac, e 3 metros de cadarço de algodão. Eu usei azul, mas tem também verde, preto, rosa, etc...

Na figura acima a cinta montada, faltando somente a costura.
Acima: Maria, a costureira oficial das faixas Mulligan, com mais de 50 anos de experiência na função.

 
Eu comprei este material todo hoje para fazer duas cintas para mim.
Valores:
Cadarço de algodão = R$ 2,10 o metro no varejo ( 3 metros = R$6,30)
Fecho Tic-Tac = R$ 0,80
Total = R$ 7,10

Onde comprar:
No Rio de Janeiro, a única loja que eu conheço que vende este material se chama Loja Comboio, localizada na Rua Gonçalves Lêdo, 53, Centro, RJ-RJ. (não, eu não ganho jabá pra divulgar esta loja). Se você não mora no Rio ou não tem como ir ao Centro, eu aconselho a ir até uma loja que faça conserto de bolsas e mochilas e perguntar ao atendente se a loja vende a faixa (é a mesma usada na alça das mochilas) ou se pelo menos eles indicam o local para comprar.
Pois bem, indo de metrô, saltando na estação presidente vargas, você anda menos de 10 minutos até a loja. Abaixo um mapa.
 

 

Gerador de fluxo para CPAP - Faça você mesmo

 
CPAP é a sigla em inglês de Contiunous Positive Airway Pressure. --- Traduzindo: Pressão Positiva Contínua na Via Aérea. Este modo de ventilação não invasiva é utilizado para evitar o colapso alveolar e diminuir o trabalho muscular respiratório. 
O Kit capaz de gerar CPAP é composto por: 
#1- Uma máscara de silicone com 2 saídas (uma inspiratória e outra expiratória),
#2- Uma válvula de PEEP (Spring Load)
#3- Uma traquéia de silicone
#4- Um fixador de máscara facial
#5- Um gerador de fluxo
 
A título de curiosidade, é possível comprar geradores de fluxo de CPAP de R$900,00 até R$3.000,00 (este último tem manômetro digital incluído). Se você comprar todos os materiais necessários para fazer um gerador artesanal (incluindo a furadeira, brocas, superbonder, durepox, um CD legal pra ouvir enquanto trabalha, uma pizza a domicílio, etc . . . ) duvido que você gaste mais do que R$200,00.
 
O objetivo deste post é divulgar uma maneira de confeccionar um gerador de fluxo de baixo custo.
Na verdade ele continha o passo a passo com fotos para vc fazer um em casa. Entretanto, no blog Fisioterapia em Terapia Intensiva você encontrará informações muito mais precisas e detalhes técnicos que não sou capaz de oferecer. Por isso deixo aqui o Link de como confeccionar o gerador de fluxo de baixo custo,
Divirtam-se
 

DOMINGO, 30 DE NOVEMBRO DE 2008

Fixador de cânula de traqueostomia – Faça você mesmo

 

Todo fisioterapeuta tem um pouco MacGyver, por isso a postagem de hoje é ao mesmo tempo uma aula de artesanato e um serviço de utilidade pública, ou melhor dizendo: um serviço à quem trabalha em hospital público. A escassez de material (às vezes básico como luvas e álcool) é um problema crônico na maioria das unidades e acho que é desnecessário me alongar neste assunto. Por isso resolvi postar um pequeno manual passo a passo de como improvisar um fixador de traqueostomia.

 

Naturalmente, estou partindo do pressuposto de que na sua unidade você conseguirá ter acesso aos seguintes materiais:

 

Material:

  • 1 máscara facial de procedimento
  • 4 gazes (não precisa ser estéril)
  • 10cm de esparadrapo (de preferência micropore, se não tiver serve até fita crepe)

Como fazer:

#1- Inicialmente é preciso retirar um pequeno arame que fica dentro da máscara e serve pra moldar no nariz. Não tem mistério nenhum e não é preciso usar tesoura e nem cortar nada, basta abrir devagar a máscara e retirar o arame.




#2- Agora vamos começar a aula de artesanato: Com cuidado destaque os fixadores da máscara. Um detalhe: tratam-se de apenas duas cordas e não quatro, assim, destaque com cuidado e reserve uma das cordas (fig 2.0), se você conseguir vai ficar assim como a figura 2.1 abaixo.

 

   

Fig 2.0 e Fig 2.1

#3- Muito bem, mãos à obra: vamos começar posicionando as gazes e a cordinha e em seguida enrolando conforme a figura abaixo

 

#4- Depois de devidamente enrolado, passe o esparadrapo longitudinalmente para evitar que o fixador se desenrole e reforce também as extremidades. Pronto! agora seu paciente tem um fixador limpinho pra sua tráqueo! Ao prender o fixador nas alças da tráqueo cuidado para não apertar demais pois pode ferir o paciente e corte o excesso de corda com uma tesoura.

Cuidados posturais e de estímulo à mobilidade no AVE agudo. - O essencial

 
Olá pessoal,
 
Após um longo período de ausência estou de volta. Passei os últimos dois meses muito ocupado combatendo as forças do mal intergalático e agora que já devolvi a paz ao Universo posso voltar a me dedicar a este blog.
Hoje vou postar tradução livre que fiz de um protocolo desenvolvido pelo Ministério da Saúde do Kwait para o tratamento hospitalar de pacientes hemiplégicos em fase aguda (para acessar o documento original clique AQUI). Trata-se de condutas extremamente simples, mas que fazem uma grande diferença para o paciente em fase aguda. Esta é a segunda vez que traduzo um protocolo do Kwait. O outro foi sobreParalisia de Plexo Braquial e teve uma boa aceitação entre os leitores do blog. Espero que esta postagem também agrade e ajude colegas fisioterapeutas.
 
Metas de Intervenção Fisioterapêutica na Fase Aguda
Os objetivos a serem alcançados na fase hospitalar estão relacionados ao estimulo a mobilidade independente o mais cedo possível.
 
Os objetivos gerais de mobilidade
1 – Estimular o paciente a realizar o exercício de ponte na cama
2 – Ensinar o paciente a rolar na cama e realizar transferência de supino para sentado na borda da cama
3 –Estimular o controle de tronco na posição sentada.
4 – Estimular o paciente a realizar atividades de alcance em todas as direções.
5 – Facilitar a transferência da cama para a cadeira e de volta
6 – Estimular a deambulação com ou sem assistência, dispositivo e / ou ajuda externa
 
Prevenção de trauma e dor no ombro acometido
• Posicione adequadamente o membro superior do paciente.
• Evite segurar e tracionar o paciente pelo braço do lado afetado.
• Sempre apoiar o braço quando o paciente estiver sentado, quer na frente ou de lado em uma mesa alta.
• Estimule a movimentação ativa do membro superior para ganhar o controle motor.
• Incentive o paciente a realizar atividades bimanuais.
 
ATIVIDADES TERAPÊUTICAS:
 
#1 - Sentado no leito, com a cabeceira elevada e braços posicionados sobre mesa ou travesseiro. 
Paciente é orientado a utilizar seu membro superior não afetado em atividades de acordo com seu interesse.
 
 
 
#2 - Sentado assistido na beira da cama, com braços apoiados na mesa e pés no solo ou degrau. Peça ao paciente para realizar qualquer atividade com o membro superior e inferior do lado não afetado. Lembre-se que enquanto ele relaiza atividades com o lado não afetado, ele realiza descarga de peso sobre o lado afetado, assim estimulando atividade no lado afetado.
 
 
#3 - Com o paciente sentado na beira da cama.Pratique atividades de alcance e descarga de peso sobre o lado afetado.
 
 
 
 
 
 
 
#4 - Atividades de mobilidade na cama. Realize atividades de ponte na cama. A estabilização dos membros inferiores pode ser feito pelo tornozelo ou pelos joelho.
 
 
#5 - Rolando na cama por sobre o lado não afetado. O braço do lado afetado pode ser posicionado sobre o peito e a perna do lado afetado posicionada com flexão de joelho. O paciente é orientado a trazer a cabeça e o membro afettado em diração ao lado oposto enquanto se empurra com o pé do lado não afetado.
OBS: Recomendo a complementação deste manuseio pela leitura do livro recomeçando outra vez da Autora Patrícia Davies

 
  
  
#6 - Transferência de Decúbito Dorsal para sentado na beira da cama 

Inicie após o paciente conseguir ficar sentado no leito, com a cabeceira elevada a 80-90 graus. Solicite ao paciente a se virar para o lado não afetado e se sentar com as pernas para fora do leito. Recomendo a leitura da postagem sobre transferências no leito
 
# 7 - Progressão de sentado para de pé
A progressão é realizada a partir de superfícies mais altas (mais fácil para o paciente passar de sentado para de pé) para superfícies mais baixas (mais difícil para o paciente). 
Na figura abaixo a fisioterapeuta utiliza uma cinta no paciente de modo a deixá-lo com os membros superiores livres.
 
 
#8 - Caminhando ao redor do leito ou de uma maca
Com a terapeuta acompanhando o paciente por trás ou pelo lado afetado, deve-se praticar caminhadas em volta da cama do paciente de modo que ele possa usara mão do lado não afetado para apoiar-se na cama. Ele pode praticar andar para a frente, para os lados e para trás. O menor contato manual deverá ser utilizado até que o paciente aprenda a andar sozinho.
O uso de barras paralelas para o treino de marcha não é recomendado, pois as barras oferecem muito apoio passivo e o paciente pode acabar se tracionando ou apoiando demais sobre a mão do lado não afetado, o que atrapalharia a reaquisição de reações de equilíbrio e marcha independente.

 
 
#9 - Atividades de alcance em ortostatismo


O paciente é posicionado em frente a uma mesa e é desafiado a realizar atividade de alcance em várias direções. Enquanto pratica o alcance com o braço não afetado, a mão afetada é posicionada sobre a mesa realizando descarga de peso
 

Com o braço não afetado apoiado sobre uma mesa ou na parede, o paciente éorientado a pisar em um banquinho (8cm). A progressão pode ser feita solicitando ao paciente que pise no banquinho sem apoio. Uma progressão mais avançada pode ser feita aumentando-se a altura do banquinho
 
 

 

Lesão Medular Traumática - Objetivos Funcionais

 
IMPORTANTE:
Esta é uma postagem direcionada a estudantes e profissionais da área de saúde. Não prescrevo exercícios e não faço consultas pela internet.


 
 
 
Atendendo a pedidos, fiz uma pesquisa sobre os objetivos funcionais por nível de lesão em pacientes com Lesão Medular. Mas antes de prosseguir, um aviso aos estudantes:
As informações a seguir devem ser interpretadas como um guia geral. Cada paciente é único e mesmo duas pessoas categorizadas como o mesmo nível de lesão nem sempre apresentam o mesmo quadro funcional.
Cada subdivisão foi feita considerando lesão medular completa no nível neurológico. Ou seja: quando o texto se referir a uma lesão em T1, por exemplo, significa que todos os segmentos acima de T1 estão preservados)
Dito isso, vamos ao que interessa:
 



TETRAPLEGIA

NÍVEIS C1-C3
Indivíduos com lesão completa C1-C3 (tetraplegia alta) tem controle dos movimento da cabeça e pescoço. A característica mais marcante de lesões desta altura é a necessidade de suporte ventilatório mecânico devido à perda da inervação do diafragma. Esses indivíduos podem eventualmente se beneficiar da FES do nervo frênico para reduzir sua necessidade de ventilação mecânica.

Habilidades: Movimentos limitados de cabeça e pescoço
Objetivos Funcionais:
Respiração: Depende de um ventilador ou um implante para controlar a respiração.
Comunicação: Em geral estes pacientes são traqueostomizados, o que influencia a capacidade de fala, aqual pode ser difícil, muito limitada ou mesmo impossível. Se a habilidade de falar é limitada, a comunicação pode ser realizada por meio de tecnologias assistivas, como um computador com software para falar ou digitar (semelhante ao que o Fisico Stephen Hawkings usa). A comunicação verbal permite ao indivíduo com lesão medular interagir com os cuidadores durante atividades como banho, vestuário, higiene pessoal, transferência, bem como a gestão de bexiga e intestino.
Tarefas Diárias: Tecnologia Assistiva permite independência em tarefas como virar páginas, usar telefone e utilizar e equipamentos.
Mobilidade: Pode operar uma cadeira de rodas elétrica, usando um controle de cabeça, bastão na boca ou controle no queixo.

NÍVEL C4
Pessoas com uma lesão ao nível de C4 possuem boa parte ou toda a inervação do diafragma preservada. Estes pacientes podem não precisar de assistência ventilatória de longo prazo, embora não seja incomum a receber ventilação mecânica inicialmente após a lesão. Pacientes com lesões de C1 a C4 irão depender da ajuda de outros em quase todas as suas necessidades de mobilidade e auto-cuidados, embora possam ser capazes de usar uma cadeira de rodas motorizada com o queixo ou controles adaptados (bastão bucal ou sopro).
O ideal é que os pacientes sejam capazes de se comunicar com os cuidadores sobre as suas necessidades de mobilidade, bem como sobre o auto-cuidado e da bexiga e / ou cuidados intestino.

Habilidades:Normalmente tem o controle dos movimentos de cabeça e pescoço. Indivíduos com o nível C4 podem encolher os ombros.
OBJETIVOS FUNCIONAIS:
Respiração: Podem necessitar de suporte ventilatório para respirar. Entretanto é possível respirar espontaneamente uma vez que a inervação do diagfragma está quase toda preservada.
Comunicação: Verbal, mas pode ter a projeção de voz mais fraca.
Tarefas Diárias: Com equipamentos especializados, alguns podem ter independência limitada na alimentação e operar de forma independente uma cama ajustável com um controle adaptado.

NÍVEL C5
Indivíduos com tetraplegia C5 possuem uso funcional da flexão de cotovelo. Com a ajuda de dispositivos de assistência especializada, tais como órteses de punho ou a mão que lhes permitam segurar objetos, estas pessoas podem alcançar a independência na alimentação e higiene. A fisioterapia é importante para prevenir contraturas de flexão de cotovelo e supinação do antebraço causada pela atividade do bíceps sem oposição. Pacientes com lesão em C5 podem ajudar na mobilidade e vestuário.

Embora possam utilizar cadeira de rodas manual com adaptações para serem tocadas, provavelmente uma cadeira de rodas motorizada com controles manuais será necessária para a maioria das suas necessidades de mobilidade. Os pacientes necessitam de assistência para a maioria dos auto-cuidados, para a mobilidade, transferência e para o manejo das funções vesicais e intestinais. A tecnologia assistiva desempenha um papel importante na maximização do controle do ambiente, ajudando o paciente a ajustar a altura da cama, atender telefones, usar computadores, acender e apagar luzes e televisores. Dirigir um veículo especialmente adaptado é possível.

Habilidades: Normalmente tem o controle dos movimentos de cabeça, pescoço e ombros. Podem fletir os cotovelos e realizar supinação de antebraço.
OBJETIVOS FUNCIONAIS:
Tarefas Diárias:
 Independência para comer, beber, lavar o rosto, escovar os dentes, barbear rosto e cabelos após assistência na montagem de equipamentos especializados.
Cuidados de Saúde: É possível realizar alguns dos auto-cuidados de saúde, como tosse auto-assistida e alívio de pressão ao inclinar-se para frente ou para os lados.
Mobilidade: Pode empurrar uma cadeira de rodas manual em curtas distâncias sobre superfícies lisas. A cadeira de rodas motorizada com controles de mão é normalmente utilizado para as atividades diárias. Dirigir pode ser possível após serem avaliados por um profissional qualificado para determinar as necessidades de equipamentos especiais

NÍVEL C6
Indivíduos com tetraplegia C6 têm, além do controle motor do bíceps braquial, a função adicional de extensão do punho. Isso permite o uso da tenodese (flexão passiva dos dedos da mão e adução do polegar durante a extensão ativa de punho). O paciente deve evitar o alongamento excessivo dos flexores dos dedos, pois limita a ação da tenodese.

C6 é o nível mais alto no qual os pacientes podem ter uma lesão completa e ainda assim obter independência funcional, sem o auxílio de um cuidador, embora essa situação não seja comum.
Indivíduos com lesões a este nível pode alcançar níveis consideráveis de independência funcional em termos de alimentação, higiene, banho, cama e mobilidade por meio de adaptações. Eles podem vestir a parte superior do corpo de forma independente e ajudar a vestir a parte inferior. Podem realizar transferência da cama para cadeira utilizando uma prancha de transferência. O cateterismo intermitente para o cuidado da bexiga pode ser possível com dispositivos adaptados, embora não seja comum e seja tecnicamente mais difícil para as mulheres do que para homens.
Cadeiras de rodas manuais com adaptações para facilitar o apoio das mãos podem ser utilizada para a mobilidade comunitária, embora os pacientes possam preferir uma cadeira de rodas motorizada. Conduzir um veículo adaptado com algumas adaptações, como um elevador personalizado e controles manuais, é uma opção. Pacientes com lesões C6 podem ser independentes na utilização de um telefone, escrita e digitação (com dispositivos adaptados).

HABILIDADES:Controla movimentos de cabeça, pescoço, ombros, braços e pulsos. Pode encolher os ombros, fletir os cotovelos, supinar e pronar o antebraço e estender os punhos.
OBJETIVOS FUNCIONAIS:
Tarefas Diárias:
 As tarefas diárias de alimentação, banho, limpeza, higiene pessoal e limpeza podem ser executadas com maior facilidade utilizando alguns equipamentos especializados.
Cuidados de Saúde: É possível fazer verificações independentes da pele, realizar o alívio de pressão, e virar na cama.
Mobilidade: Alguns indivíduos podem fazer transferências de forma independente, mas muitas vezes é necessária uma placa de deslizamento. É capaz de usar uma cadeira de rodas para as atividades diárias, mas pode usar cadeira de rodas motorizada para maior facilidade e independência.

NÍVEL C7
Com o uso de dispositivos adaptados, também podem se tornar independente em matéria de higiene, limpeza extremidade inferior, e cuidado intestinal. Os indivíduos com uma lesão em C7, especialmente as mulheres, podem precisar de ajuda com o cuidado da bexiga (p.ex., cateterismo intermitente). Podem também ser independentes, com ou sem dispositivos auxiliares, para escrita, digitação, virando as páginas, atender telefones, e usar os computadores.

HABILIDADES: Tem movimentos semelhantes ao de um indivíduo com nível C6, com capacidade adicional para estender os cotovelos.
OBJETIVOS FUNCIONAIS
Tarefas Diárias: É capaz de executar tarefas domésticas. Necessita de menos ajuda adaptada para vida independente.
Cuidados de saúde: Capaz de fazer elevação de pelve na cadeira de rodas para alívio de pressão.
Mobilidade: O uso diário de cadeira de rodas manual. Pode fazer transferências com maior facilidade.
Indivíduos com tetraplegia C7 têm a capacidade de estender o cotovelo, o que aumenta a sua mobilidade e habilidades de auto-cuidados. Estes pacientes podem conseguir a independência na alimentação, em vestir a parte superior do corpo, tomar banho, mobilidade na cama, transferências e de propulsão de cadeira de rodas manual na comunidade.

NÍVEL C8
Indivíduos com tetraplegia C8 têm controle para flexão dos dedos, o que melhora a sua independência em termos de preensão manual. Eles podem atingir a independência na alimentação, higiene, em vestir os membros superiores e inferiores, tomar banho, mobilidade, transferências, propulsão de cadeira de rodas manual, e auto cuidados da bexiga e do intestino de cuidados, bem como digitação, atender telefones, e usar os computadores.

HABILIDADES
Tem mais força e precisão nos movimentos dos dedos, resultando em função manual limitada ou natural.
OBJETIVOS FUNCIONAIS
Tarefas Diárias: Pode realizar as atividades diárias de forma independente, sem necessidade de dispositivos de auxílio na alimentação, banhos, higiene bucal e facial, e cuidados com a bexiga e intestino.
Mobilidade: Usa cadeira de rodas manual. Pode transferir de forma independente.


PARAPLEGIA

NÍVEIS T1-T12
Os indivíduos com paraplegia T1-T12 tem inervação e função de todos os músculos da extremidade superior, inclusive para a função da mão. Eles podem conseguir a independência funcional em autocuidados (incluindo tarefas domésticas e preparação de refeições), no manejo da capacidade da bexiga e intestino, e em todas as necessidades de mobilidade utilizando cadeira de rodas. é importante notar que quanto mais baixo o nível neurológico, melhor será o equilíbrio do tronco e á efetividade da tosse. Os indivíduos devem receber treinamento avançado de cadeira de rodas, para que possam passar por superfícies desniveladas, terrenos acidentados, rampas e calçadas, bem como transferências do chão para a cadeira de rodas.

Os indivíduos com uma lesão T9-T12 têm controle de tronco variável (dos músculos paravertebrais e abdominais), e eles podem ser capazes de deambular usando órteses HKAFO, juntamente com um andador ou muletas. Pessoas com uma lesão em T10-T12 tem um melhor desempenho, e podem até tentar subir e descer escadas. Infelizmente, o uso destas órteses requer gasto de energia extrema e pode sobrecarregar os membros superiores, causando lesões. POr causa disso, muitas pessoas podem preferir a mobilidade de cadeira de rodas.

HABILIDADES:Tem a função motora normal de cabeça, pescoço, ombros, braços, mãos e dedos. Tem uma maior utilização das costelas e controle de tronco.
OBJETIVOS FUNCIONAIS
Tarefas diárias:
 Possui um alto nível de independência em quase todas as atividades.
Mobilidade: Alguns indivíduos são capazes de marcha limitada utilizando órteses longas. Isto requer grande gasto energético e exige muito da parte superior do corpo, não oferecendo nenhuma vantagem funcional. Pode levar a danos às articulações dos membros superiores.

NÍVEIS LI-L5
Indivíduos com lesão lombar podem conseguir a independência funcional para a mobilidade, autocuidados e manejo da bexiga e do intestino. O treinamento avançado em cadeira de rodas (como mencionado acima) deve ser realizado.

Os pacientes com esta lesão pode dirigir de forma independente, usando um carro adaptado com controles manuais. Os indivíduos com uma lesão ao nível da coluna lombar podem se tornar funcionalmente independentes em termos de família e deambulação comunitária, que é frequentemente definido como a deambulação sem auxílio para distâncias superiores a 150 pés (aproximadamente 45 metros), com ou sem o uso de aparelhos e dispositivos de assistência. Aparelhos ortopédicos (KAFOs e órteses tornozelo-pé) são frequentemente prescritas para ajudar estes pacientes a andar. Porém o uso de uma cadeira de rodas manual em parte do tempo é muitas vezes necessário.

HABILIDADES
Apresenta algum grau de controle dos movimentos de quadris e joelhos.
OBJETIVOS FUNCIONAIS
Mobilidade:
 Caminhar pode ser uma função viável, com a ajuda de órteses de perna e tornozelo. Níveis mais baixos de lesão podem caminhar com maior facilidade com as órteses.

NÍVEIS S1-S5
HABILIDADES: Dependendo do nível da lesão, existem vários graus de retorno voluntário da bexiga, intestino e das funções sexuais.
OBJETIVOS FUNCIONAIS
Mobilidade: Maior capacidade de andar com poucos ou nenhum dispositivo de apoio


REFERÊNCIAS:

http://emedicine.medscape.com/article/322604-overview

http://www.spinalcord.uab.edu/show.asp?durki=22409

http://www.spinalcord.uab.edu/show.asp?durki=30172

 

 

 

Mapas interativos de dermátomos, miótomos, anatomia y otras cositas más

 
A internet é realmente uma incrível fonte de recursos online para estudantes. Hoje, enquanto fazia uma pesquisa no Google, encontrei um site com muitas informações interativas, particularmente úteis pra galera dos primeiros períodos do curso de fisioterapia . Trata-se do Site http://www.rmtstudents.com/ que pertence a uma empresa direcionada a estudantes de massagem terapêutica, a RMTstudents.
Ah ! por favor, antes que alguém reclame que está tudo em inglês, deixo claro que eu disponibilizo o que eu encontro na internet. Na medida do possível, eu até traduzo, mas definitivamente eu não crio os sites e nem os e-books.

Eu destaco alguns recursos como por exemplo o Guia de Estudos Interativo de Anatomia, com os principais marcos ósseos. Selecione a parte do corpo, visualize os acidentes ósseos e de quebra aprenda anatomia em inglês. Tá vendo os pontinhos azuis na figura abaixo? Quando você passa a setinha do mouse por cima, eles mudam de cor e o nome correspondente na tabela se destaca. 
 

Além disso, tem também um mapa interativo com os dermátomos, acompanhado do nível espinhal, do miótomo e reflexos que podem ser testados. Mais uma vez, quando a seta passa por cima do mapa, a tabela ao lado com o nível medular, o dermátomo e o reflexo também se destacam.

Esse tipo de animação é legalzinha e não parece ser muito difícil de ser feita por quem sabe fazer animações em flash. bem que poderia ter um similar em português, né?Outro recurso super legal é a sessão de videos de Trigger points (pontos gatilho miofasciais) com videos demonstrando a técnica de inibição e um recurso visual demonstrando o caminho da dor irradiada.

 

Toxicidade do Oxigênio

 
A oxigenioterapia é parte integrante do tratamento de todo paciente com insuficiência respiratória aguda, mas é importante lembrar que a oferta de oxigênio suplementar excessiva ou inadequada pode ser deletéria não só para o pulmão como também para outros órgãos do organismo.
Na faculdade, aprendemos o perigo de altas concentrações de O2, especialmente em pacientes com retenção crônica de CO2 (como os DPOCs), e também o risco de atelectasias por absorção (pela “lavagem” do nitrogênio dos alvéolos). Mas na postagem de hoje eu vou abordar os efeitos citotóxicos de altas concentrações de oxigênio, porém sem entrar naqueles detalhes bioquímicos de difícil entendimento e de reconhecido poder sonífero. 

FISIOPATOLOGIA  DA TOXICIDADE DO OXIGÊNIO
De acordo com estudos em seres humanos e animais, concentrações elevadas de oxigênio inspirado podem causar uma variedade de lesões pulmonares, que vão desde traqueobronquite até lesões alveolares difusas. Embora o mecanismo exato de toxicidade do O2 não seja plenamente conhecido, sabe-se que as reações de radicais livres de oxigênio podem romper a membrana lipoprotéica, destruir as funções enzimáticas celulares, alterar o DNA e conduzir à morte celular (radicais livres são moléculas que apresentam elétrons não pareados em sua órbita externa, e que são capazes de reagir com outras moléculas contra as quais colidem, retirando elétrons destas substâncias e modificando suas estruturas moleculares). 

O tecido pulmonar é particularmente sucetível à lesões mediadas por radicais livres de O2, pois está exposto às maiores concentrações de oxigênio de todo o corpo, colocando as células que formam os alvéolos e a camada externa da árvore traqueobrônquica em maior risco de sofrerem com a toxicidade do O2. Em condições de hiperóxia (como acontece quando é ofertada uma alta concentração de O2), existe uma produção gigantesca de radicais livres, os quais danificam não só as células epiteliais e endoteliais alveolares, mas também o próprio surfactante. (lembrando que o surfactante pulmonar é 90% lipídeos). Como resultado vamos ter lesão da parede alveolar, gerando edema e resposta inflamatória. A transudacão de proteínas plasmáticas e células inflamatórias agravam ainda mais a lesão do surfactante extracelular.

Pacientes tratados com uma FiO2 de 0,9 durante seis horas apresentam eritema e edema das vias aéreas de grande calibre (alterações observadas via broncoscópio). Além disso, a concentração de radicais livres de O2 no ar exalado aumenta, depois de apenas uma hora de respiração a 28% de O2, independentemente da presença de doença pulmonar subjacente.

Além desse, existem vários trabalhos com ratinhos (pobres ratinhos, sempre eles que se dão mal) demonstrando os efeitos nocivos causados por altas frações de O2 inspirado. 


RECOMENDAÇÕES 
Entenda que o oxigênio é um medicamento, e como tal deve ser prescrito e dosado adequadamente. Pouco O2 pode não ter efeito e O2 demais pode causar iatrogenia. 

O paciente NÃO PRECISA E NEM DEVE ficar saturando a 100%. Isso pode até tranquilizar a equipe, mas é algo que definitivamente não é benéfico.

Curva de dissociação da oxihemoglobina. 
Fonte: Currie, G. P et al. BMJ 2006;333:34-36

Não há limite mínimo e nem máximo de FiO2 para prevenção de toxicidade do oxigênio. Portanto, é prudente reduzir o FiO2 para o mais baixo limite tolerável é um bom princípio para todos os pacientes. Em termos práticos, deve ser ofertado oxigênio suficiente para atingir uma saturação de O2 de 90-93%, o que corresponde a uma PaO2 de 60 a 65 mmHg. (acima da parte ascendente da curva de dissociação da hemoglobina (veja abaixo). Mas o julgamento clínico deve ser usado na seleção de uma saturação de oxigênio alvo para cada paciente (por exemplo, pacientes com doença arterial coronariana ou hipertensão pulmonar podem exigir uma saturação maior)

Estratégias para maximizar a oxigenação e reduzir a FiO2 (por exemplo, a diurese, higiene broncopulmonar, posição prona, óxido nítrico, as manobras de recrutamento e / ou PEEP ideal) devem ser consideradas reduzir o risco de toxicidade de oxigênio. 

Os autores do artigo sobre toxicidade do O2 no site “up to date”, informam que utilizam estas estratégias em pacientes que necessitem de uma fração inspirada de O2 maior do que 60% por mais de seis horas.

Referências
http://www.jped.com.br/conteudo/98-74-02-91/port_print.htm

 

 

Ausculta Pulmonar. Você está ouvindo bem ?

 
Olá Fisionautas,
Um amigo me enviou o link para a página do “Programa Educacional em Ausculta Torácica” da UNIFESP (clique AQUI para acessar). Um site muito legal e que vale ser compartilhado. Nesta página é possível ouvir os sons cardíacos e pulmonares normais e anormais, além de uma breve descrição do significado de cada ruído.
Como de costume, decidi fazer uma pesquisa sobre sons pulmonares para enriquecer um pouco mais a postagem. Mas eis que logo de cara me deparo com um fato surreal: Existem vários trabalhos nacionais e estrangeiros chamando a atenção para a falta de padronização da terminologia dos sons pulmonares ! ! !  
Confesso que esta notícia me deixou ao mesmo tempo perplexo e contente, pois eu achava que tinha algum problema auditivo ou que fosse meio retardado pois nunca consegui perceber a diferença que existe entre estertores crepitantes, subcrepitantes e estertores finos. ( ^_^ )
Na imagem acima, um grupo de eminentes especialistas em reunião para decidir se o ruído adventício do paciente é um estertor crepitante, bolhosos ou subcrepitante
 
Pois é galera, existe uma verdadeira Torre de Babel quando o assunto é sons pulmonares. A preocupação com a falta de padronização é antiga. Encontrei um artigo de 1998 com o curioso título. “ A confusa nomenclatura da ausculta pulmonar brasileira.” (J Pneumol 24(3) – mai-jun de 1998 -  clique AQUI para download) que já abordava este problema.

A título de curiosidade:
 Neste trabalho foram listados 10 tipos diferentes de estertores: (estertores simples, crepitantes, subcrepitantes,finos, grossos, bolhosos, inspiratórios, de médias bolhas, de finas bolhas, e grossos inspiratórios), todos citados em publicações nacionais entre 1985 e 1997. A amostra é meio antiga, porém um trabalho mais recente chamado “Terminologia da ausculta pulmonar utilizada em publicações médicas brasileiras, no período de janeiro de 1980 a dezembro de 2003” (clique AQUI para download) revela que a confusão provavelmente se estende até hoje.

Essa variedade de descrições, sem critérios claros de definição e sem referência bibliográfica não só torna a descrição da ausculta pulmonar subjetiva, como também dificulta o ensino acadêmico. O que nos leva a perguntar em alto e bom som:
E AÍ,  TEM JEITO ? ! !  
 
Talvez. . .
Em 1985 foi realizado em Tóquio o International Symposium on Lung Sounds. Neste simósio, foi proposta a divisão dos sons adventícios em apenas dois grupos: ruídos contínuos (sibilos e roncos) e ruídos descontínuos (estertores finos e grossos) Mikami R, Murao M, Cugell DW, Chretien J, Cole P, Meier-Sydow J, et al. International symposium on lung sounds. Synopsis of proceedings. Chest. 1987;92(2):342-5. (clique AQUI para download)
Agora facilitou, né? Apenas 4 ruídos adventícios e para o meu alívio, com apenas dois tipos de estertores! o/ o/ o/ o/. Apesar de já se terem passado mais de vinte anos, a padronização mundial ainda não colou. Mas essas coisas levam tepo mesmo...
Na minha opinião, o mais importante desta postagem é saber que a identificação dos sons pulmonares é importantíssima mas existe um carnaval de descrições sendo utilizadas sem nenhuma padronização, e que se você não consegue identificar todos os subtipos de sons pulmonares você é uma pessoa normal.

Valeu galera, imagino que esse tema possa gerar alguma polêmica. Aguardo comentários (educados, por favor)

Se você quiser ter acesso a mais sites com sons pulmonares, acesse:
http://www.concursoefisioterapia.com/2011/11/sons-pulmonares-ausculta-pulmonar.html

http://www.blackbookdopina.net/2009/02/sons-cardiacos-pulmonares-mp3.html

Tem também dois mini-cursos online em inglês bem legais. 
http://www.easyauscultation.com/course-contents.aspx?CourseID=201
e
http://www.easyauscultation.com/cases.aspx?CourseCaseOrder=1&CourseID=202
Não falar inglês não é desculpa. As instruções estão por escrito - google translator nelas. 
 
é isso aí galera
Hasta La Vista
 

Técnica de empilhamento de ar (air stacking)

 
ATENÇÃO! Este é um texto baseado em pesquisa bibliográfica e não se destina à informação de pais ou pessoas com Doenças Neuromusculares, trata-se de um relato técnico voltado para estudantes e profissionais da área da saúde.
 
DOENÇAS NEUROMUSCULARES (DNM) E INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA
Nas DNM, a perda progressiva da força dos músculos inspiratórios gera um distúrbio ventilatório do tipo restritivo. A insuficiência respiratória nestes pacientes é decorrente de um processo onde a fraqueza da musculatura respiratória leva a alteração na mecânica respiratória seguida de episódios de hipoventilação alveolar. Em decorrência deste processo, instala-se um quadro caracterizado por hipercapnia crônica e hipoxemia secundária à elevação da pressão parcial de dióxido de carbono no sangue arterial (PaCO2).
 
 
FUNDAMENTOS TEÓRICOS PARA O EMPILHAMENTO DE AR
Profissionais de saúde que lidam com pacientes com DNM devem ter uma visão abrangente sobre os eventos que contribuem para a instalação da insuficiência respiratória.
Ao longo do curso da doença, ocorre uma deteriorização progressiva da força muscular inspiratória a qual reduz gradativamente a capacidade dos pacientes de realizar inspirações profundas. Mesmo com o com o uso da inspirometria de incentivo, chega um momento no qual os pacientes não conseguem mais expandir os pulmões até a Capacidade Vital.
 
Aí você deve estar se perguntando: o que tem de tão especial na Capacidade Vital para ela merecer ser citada agora? Ora, a Capacidade Vital é o volume de ar que os nossos pulmões podem expelir, logo após uma inspiração profunda máxima. Tecnicamente falando compreende a soma de volume corrente, volume de reserva inspiratório e o expiratório (você pode relembrar os volumes e capacidades pulmonares clicando AQUI ou dando uma espiada na figura abaixo). A capacidade de expandir os pulmões até a Capacidade Vital é importantíssima para a manutenção de algumas das propriedades mecânicas da caixa torácica e dos pulmões. Assim como as demais articulações do corpo, as articulações costais também precisam exercer sua Amplitude de Movimento sob pena de desenvolverem restrições articulares. Igualmente, o parênquima pulmonar também se beneficia de movimentos amplos e frequentes para manter sua elasticidade.
 
 
TÉCNICA DE EMPILHAMENTO DE AR (AIR-STACKING)Em paciente com Doenças Neuromusculares, as inspirações profundas necessárias para manter as propriedades mecânicas do pulmão e gradil costal só podem ser alcançadas por insuflações profundas via auxílio externo (empilhamento de ar, ventilação não invasiva noturna) ou via respiração glossofaríngea.
Com estas insuflações máximas espera-se alcançar os seguintes objetivos: Maximizar a Capacidade Residual Funcional, manter ou aumentar a complascência pulmonar e prevenir ou reverter atelectasias.
A técnica de empilhamento de ar consiste na realização de acúmulos de insuflações (de 2 a 4 insuflações), através de uma máscara oronasal ou bucal conectado a um ressuscitador manual (AMBU) mantendo o volume por 6 segundos com a glote fechada e expirando posteriormente. Uma manobra consiste de três insuflações, sendo que o paciente deve realizar dez manobras, 3 vezes ao dia.
Com esta manobra, atinge-se a capacidade de insuflação máxima, (o maior volume de ar sustentado pelo paciente com a glote fechada). Este empilhamento pode ser realizado com auxílio de AMBU, de ventiladores, ou através da respiração glossofaríngea, e deve-se iniciar a técnica de empilhamanto de ar quando a Capacidade Vital se encontrar abaixo de 70% do previsto. Apesar da doença neuromuscular ter caráter progressivo, com o treino diário é possível melhorar a capacidade de insuflação máxima, resultando em uma maior efetividade da tosse após a manobra.
 
 
… E POR FALAR EM TOSSE ASSISTIDA
A tosse é um reflexo de proteção essencial que remove corpos estranhos e o excesso de secreções das vias aéreas, prevenindo doenças pulmonares como pneumonia, atelectasia e falência respiratória. A tosse normal é um processo de três etapas: (1) fase inspiratória; (2) fase de compressão; e (3) fase expulsiva. Em pacientes com doença neuromuscular, não só os músculos inspiratórios estão muito fracos para realizar uma inspiração profunda, mas também os músculos expiratórios podem não gerar força suficiente contra uma glote fechada para criar um fluxo de ar que seja funcional. Portanto, para assistir a tosse, são necessários métodos que auxiliem os músculos expiratórios a gerar altas pressões intratorácicas, tais como a compressão toracoabdominal.
Movimento abdominal paradoxal para fora pode ocorrer durante a tosse em indivíduos com fraqueza neuromuscular , e este movimento paradoxal contribui para a ineficiência da tosse. A redução deste movimento paradoxal tanto pela compressão manual do tórax inferior e abdomen quanto pelo apoio abdominal podem aumentar a eficiência da tosse. A manobra de tosse assistida manualmente é uma importante ferramenta para os fisioterapeutas que trabalham com pacientes com doenças neuromusculares. A manobra consiste na aplicação de pressão com ambas as mãos sobre o abdomen superior seguindo de um esforço inspiratório e fechamento da glote. Foi demonstrado em estudos não controlados que esta manobra foi capaz de melhorar o pico de fluxo de tosse expiratório entre 14% e 100%. Uma desvantagem da manobra de tosse assistida é que ela precisa da presença de um cuidador.
O volume pré-tosse tem grande influência na efetividade da tosse em pacientes com doença neuromuscular. Como dito anteriormente, a perda da capacidade de realizar inspirações profundas diminui as propriedades elásticas dos pulmões, aumentando o trabalho respiratório e predispondo à atelectasia. Em fases adiantadas, a Capacidade Vital do portador de doença neuromuscular é próxima do volume de fechamento das unidades alveolares.
Dá uma olhada no video abaixo que demonstra a técnica. É muito interessante ver a diferença no volume da tosse antes e depois. 




ENTENDENDO A COMPLACÊNCIA PULMONAR

 
O conhecimento das propriedades mecânicas do sistema respiratório é assunto fundamental para quem pretende atuar com fisioterapia respiratória. No entanto, quando este tema é apresentado pela primeira vez em sala de aula, muitas pessoas costumam dormir, outras entram em choque, algumas sofrem acessos incontroláveis de crise do pânico ou riem histericamente. Mas todo mundo concorda em uma coisa... ninguém entende lhufas.
Para escrever esta postagem contei com a ajuda inestimável de Ana Carolina Cury, fisioterapeuta de Minas Gerais, na primeira colaboração virtual deste blog. Espero que gostem!
 
Pois bem, a postagem de hoje é justamente a primeira de uma série digitada a quatro mãos, feita especialmente para pessoas que apresentam reações adversas a aula de mecânica pulmonar... hoje começaremos falando de complacência.


AS FORÇAS QUE MOVEM O AR QUE VOCÊ RESPIRA
O sistema respiratório tem várias funções no corpo, sendo a principal delas a troca gasosa e a homeostase. Esse sistema pode ser entendido como um conjunto de tubos e conexões que levam o ar até os capilares pulmonares onde são realizadas as trocas gasosas. Até aí tudo bem, é só uma revisão do que você aprendeu no ensino fundamental.
O que geralmente causa dificuldade na compreensão deste sistema é que esses tubos e conexões possuem propriedades elásticas, e que o sistema respiratório precisa se adaptar a diferentes pressões tanto dentro quanto fora do tórax e têm uma relação muito intrincada com outros órgãos e cavidades do corpo. Para entender melhor estas relações, estudamos a mecânica do sistema respiratório, que é basicamente composto pelo pulmão, vias aéreas e caixa torácica.
Vamos lá então, sem medo de fazer novas sinapses e botar os neurônios para trabalhar. Vamos tentar entender que mecânica é essa!

DEFINIÇÃO DE COMPLACÊNCIA PULMONAR
Toda estrutura elástica tem como propriedade fundamental oferecer resistência à deformação. O pulmão funciona de forma bem parecida. No caso, a capacidade que o pulmão tem de se expandir chama-se complacência.
Para expandir os pulmões é necessário um mínimo de esforço, que ocorre naturalmente, na atividade da respiração. Esse esforço é realizado pelo músculo diafragma e pelos músculos intercostais externos. Quando a capacidade de expandir está diminuída, diz-se que o pulmão tem a complacência reduzida, ou, em outras palavras, um pulmão com a complacência reduzida se expande com mais dificuldade, fica “duro”. A diminuição da complacência é particularmente perigosa, pois impõe um maior trabalho ao sistema respiratório para “abrir” os pulmões e “fazer o ar entrar”. Em uma situação aguda, o paciente pode evoluir rapidamente para a insuficiência respiratória, ou seja, o esforço muscular que ele realiza para respirar passa a não ser suficiente para expandir os pulmões e ele pode para de respirar. Em uma condição crônica, a insuficiência acontece do mesmo jeito (só que a prestação), e com o passar dos anos, o esforço também torna-se imenso dificultando a expansão pulmonar.

Agora vamos começar a complicar um pouco mais:
A definição clássica de complacência afirma que se trata de uma relação entre pressão e volume, ou seja, o quanto o pulmão é capaz de distender-se para acomodar o volume de ar que entra pelas vias aéreas.
É importante ter em mente que associada a variação dos volumes pulmonares ocorre também uma variação da pressão. Na faixa fisiológica normal de variação de pressão (- 5 a - 10 cmH2O) o pulmão é bem distensível, para cada variação de 1 cmH2O ocorre uma variação de 200ml de ar, porém se o pulmão já se encontra expandido, pequenas variações de volume, geram uma grande variação de pressão e impõe maior trabalho aos músculos inspiratórios.
Não entendeu? Faça o seguinte:
#1 – Respire normalmente e perceba o esforço que você faz ao iniciar a inspiração (pulmão em um momento de alta complacência – pequenas variações de pressão = grandes volumes)
#2 – Tente manter a mesma frequência respiratória, só que desta vez respire com o peito bem estufado de ar, sem deixar o ar sair completamente. Perceba como é mais difícil manter a mesma freqüência respiratória quando se está próximo do limite de expansão pulmonar (pulmão em momento de baixa complacência – fica cada vez mais difícil (trabalhoso) respirar (mesmo com pequena variação de volume).
#3 – Agora faça o contrário: solte quase todo o ar dos pulmões, segure só um pouco de ar e tente manter a mesma freqüência respiratória. Esse também é um momento de baixa complacência, se você mantiver isso por algum tempo algumas unidades alveolares entrarão em colapso. Esse outro extremo de volume pulmonar (volume muito baixo = complacência reduzida) também torna a respiração mais difícil.

 

 
A CURVA PRESSÃO X VOLUME

Se você chegou nessa parte do post sem ter nenhuma das reações adversas citadas lá no início, as suas chances de ter um ataque de narcolepsia ou de começar a ver duendes verdes agora é mínima. Vamos em frente. Gráficos são amigos, e facilitam muito a nossa vida, vale a pena gastar um pouco mais de tempo analisando as curvas e suas relações.

Tá vendo o gráfico acima? Ele ilustra 3 curvas Pressão X Volume distintas: Uma considerando apenas o Tórax, outra apenas os pulmões e a terceira para o conjunto Pulmões + Tórax (a qual descreve melhor as propriedades do sistema respiratório).

Neste gráfico é possível visualizar um detalhe importantíssimo: A curva Pulmão+Tórax tem um formato parecido com um “S”, indicando que a complacência do sistema respiratório não é constante ao longo do enchimento (ou esvaziamento) pulmonar.

A porção inicial da curva corrensponde a mecânica da parede torácica em com volume pulmonar baixo, nesse volume existem vias aéreas colabadas e é preciso uma pressão mínima para abrir essas vias aéreas. A segunda parte é uma subida quase retilínea, ou seja, os aumentos de volume correspondem a aumentos de pressão. È nessa parte da curva que avaliamos a complacência estática. A inclinação dessa curva é a complacência. A porção final da curva representa a hiperdistensão pulmonar, ou seja, todos os alvéolos estão abertos e a partir daí, com o aumento do volume a variação da pressão é muito pequena.

Percebam que a curva do conjunto Pulmões+Tórax tende a ficar horizontal próxima ao VR, 
indicando uma complacência reduzida em baixos volumes (representa um volume pulmonar muito baixo, com vários alvéolos fechados que precisam receber uma pressão inicial para abrir e começar a insuflar.) e também tende a ficar horizontal próxima a CPT (hiperdistensão pulmonar - representa a distensão máxima, com todos os alvélos abertos. Não é possível distender muito o tecido). Nestas duas situações, é preciso uma grande variação de pressão para se obter pequenas variações de volume.

Você acabou de ler a explicação, em temos científicos, do esforço que se sente para tentar insuflar os pulmões quando eles já estão cheios ou para se tentar respirar com o pulmão quase vazio. Acredito que com esta explicação fica fácil de entender porque devemos estar atentos à inclinação da curva do gráfico para identificar quando a complacência está aumentada ou diminuída.

A fórmula matemática que rege essas forças é: 
Complacência = Volume / Pressão.



O que pode alterar a complacência?
A complacência pode estar reduzida, causando maior trabalho da respiração para distender todo o sistema e “fazer o ar entrar”. De forma geral, condições que, impeçam a expansão e retração pulmonar diminuem a complacência. São condições que produzem fibrose ou edema ou reduzem a parte funcionante dos pulmões, como atelectasias, derrames pleurais, ascites e escoliose.

Outras situações que diminuem a complacência incluem: congestão dos vasos pulmonares, processo inflamatório alveolar com presença de líquido dentro dos alvéolos (redução do surfactante).

A complacência pode estar aumentada em idosos ou em pessoas com enfisema pulmonar. Nestes casos, há perda de fibras elásticas, e uma vez expandido, o pulmão não volta à posição inicial. Nesse caso, o problema está na expiração, com a redução do recuo elástico, que torna mais difícil a saída de ar.

A mesma propriedade que faz o pulmão ser capaz de se distender na inspiração é a que o faz retornar ao seu tamanho (volume) normal na expiração. O tecido elástico armazena energia e, por isso, a expiração normal não necessita de nenhuma ação muscular. No paciente com enfisema podemos observar esse esforço para expulsar o ar pra fora.
Pois é pessoal, esta foi a primeira postagem colaborativa do blog. Obviamente não esgota o assunto e nem substitui a leitura de um bom livro de fisiologia
respiratória, mas espero que seja útil e que ajude a compreender melhor este assunto complexo.

 

 

Curso on line de equilíbrio ácido-base. Essencial para quem quer sacar de Gasometria Arterial

 



Olá pessoal,
Todo fisioterapeta que trabalha com respiratória deve saber interpretar um exame de Gasometria Arterial. Obviamente você não precisa memorizar a equação de Henderson- Hasselbach - a não ser que você queira impressionar as calouras . . . mas sinceramente sugiro tentar uma abordagem mais tradicional, pois a demonstração vulgar de conhecimentos geralmente não funciona. De fato, antes de você completar a primeira meia hora de sua explicação sobre a beleza matemática do cálculo do Potencial Hidrogeniônico ela estará dormindo ou nauseada, ou mais provavelmente as duas coisas, resultando em uma caloura sonolenta com os pés cheios de vômito... o que é bem pouco romântico e vai contar muitos pontos negativos em sua vida social na faculdade, diga-se de passagem.

Mas voltando ao assunto:
Existem inúmeros sites na internet dedicados a explicar como se faz a interpretação de uma gasometria. Porém, existe um curso on line sobre os Fundamentos do Equilíbrio Ácido-Base que é simplesmente excelente. Até pouco tempo atrás, minha biblioteca pessoal contava com uma cópia encadernada deste curso. Eu disse contava, pois um dia eu emprestei para um estagiário, e aí vocês podem imaginar o que aconteceu, né?
Pois bem, deixo o link abaixo desta excelente referência para quem quiser aprender e também se aprofundar no tema. A propósito, vale a pena gastar o cartucho da impressora e desembolsar o troco da encadernação !
http://perfline.com/cursos/cursos/acbas/acbas.htm
A propósito, o curso não oferece certificado, apenas o conhecimento.
Acesse o link acima e bons estudos

Vida longa e próspera
 

 

Inspirometria de Incentivo Parte III. Diretrizes clínicas

 
Nesta terceira postagem sobre inspirometria de incentivo deixarei a tradução livre da diretriz clínica da Associação Norte Americana de Cuidados Respiratórios (American Association for Respiratory Care).
Este é um texto extremamente técnico, que aborda desde as indicações até a higienização do equipamento. Apesar de ser de 1991, acredito que ainda esteja atualizado, pois não creio que tenha aparecido muita coisa nova sobre o tema neste meio tempo. De qualquer forma ainda me parece bastante coerente com a prática clínica.
Quem quiser conferir o texto original em inglês, basta acessar o link da AARC
 
 
 
======================================================
 
DIRETRIZES CLÍNICAS DA AARC - INSPIROMETRIA DE INCENTIVO

1.0 - PROCEDIMENTO:

A inspirometria de incentivo, também denominada como inspiração máxima sustentada (IMS), é um componente da terapia de higiene brônquica (1-3).

2,0 - DESCRIÇÃO / DEFINIÇÃO:

2,1. A inspirometria de incentivo foi desenvolvida para mimetizar o bocejar ou o suspiro natural, incentivando o paciente a realizar inspirações lentas e profundas. (1,2,4,5) Isto é feito usando um equipamento que fornece aos pacientes informação visual, ou outro feedback positivo quando inalam um fluxo ou volume pré-determinado e mantém esta inalação por um mínimo de 3 segundos. (2,3,5-7)
Os objetivos deste procedimento são: aumentar a pressão transpulmonar e os volumes inspiratórios, melhorar o desempenho dos músculos inspiratórios, (8) e restabelecer ou simular o padrão normal de hiperinsuflação pulmonar (3), quando o procedimento é repetido de forma regular, a patência das vias aéreas pode ser mantida e a atelectasia pulmonar prevenida e revertida. (1-3,5,6,9,10)

2.2. A inspirometria de incentivo não deve ser confundida com manobras expiratórias (tais como o uso de garrafas de sopro), as quais não mimetizam o suspiro e têm sido associadas com a produção de volumes pulmonares reduzidos. (5,6)
[Nota do tradutor: Neste momento, o guideline quer enfatizar que estas manobras não são a mesma coisa. Os efeitos da tal “garrafa de sopro” podem ser comparada a prática de pedir pro paciente encher bexigas de aniversário.


3.0 CENÁRIO:

3,1 Cuidados intensivos (UTI)
3,2 Pacientes Internação devido quadros agudos
3,3 Cuidados prolongados
3,4 Home Care (8)

4,0 INDICAÇÕES:

4,1 Presença de condições predisponentes para o desenvolvimento de atelectasia pulmonar
4.1.1 - Cirurgia abdominal superior (2,4,9-14)
4.1.2 - Cirurgia torácica (9,10,13-15)
4.1.3 - Cirurgia em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) (7,13-15)
4,2 Presença de atelectasia pulmonar (16)
4,3 Presença de condição restritiva associada a tetraplegia e / ou disfunção do diafragma. (6,8,14,17,18)

5.0 CONTRA-INDICAÇÕES:

5,1 Pacientes que não podem ser instruídos ou supervisionados no uso adequado do dispositivo.
5,2 Ausência de cooperação do paciente (2,16) ou paciente incapaz de compreender ou demonstrar o uso correto do dispositivo (16).
5,3 É contra-indicado em doentes com dificuldade em respirar fundo efetivamente (por exemplo, com capacidade vital [CV] menor do que cerca de 10 ml / kg ou capacidade inspiratória [CI] inferior a um terço do previsto).
5,4 A presença de um estoma traqueal aberto não é uma contra-indicação, mas exige uma adaptação do inspirômetro.

6.0 RISCOS E COMPLICAÇÕES:

6,1 Ineficaz a menos que supervisionado ou executado conforme requisitado (6)
6,2 Inadequados como único tratamento para consolidação ou grande colapso pulmonar
6,3 Hiperventilação
6,4 Barotrauma (enfisema pulmonar) (19)
6,5 Desconforto secundário ao controle inadequado da dor (15,18)
6,6 Hipóxia secundária à interrupção da terapêutica prescrita, principalmente se oxigênioterapia estiver sendo usada.
6,7 Exacerbação do broncoespasmo
6,8 Fadiga (20,21)

7.0 LIMITAÇÕES DO MÉTODO:

Evidências sugerem que a respiração profunda sozinha, mesmo sem dispositivos auxiliares de mecânica pode ser tão benéfica quanto a inspirometria de incentivo na prevenção ou reversão de complicações pulmonares, (1-5). Existem controvérsia quanto ao uso excessivo do procedimento. (1,4,6)

8,0 AVALIAÇÃO DA NECESSIDADE:

8,1 Procedimento cirúrgico envolvendo parte superior do abdômen ou do tórax (4,5)
8,2 Condições predisponentes para o desenvolvimento de atelectasias, incluindo a imobilidade no leito, o controle inadequado da dor e cintas abdominais
8,3 Presença de doença neuromuscular que envolvem a musculatura respiratória (8)

9.0 AVALIAÇÃO DO RESULTADO:

9,1 Sinais de resolução ou de melhora da atelectasia
9.1.1 Redução da freqüência respiratória (16,17)
9.1.2 Resolução de febre (2,18)
9.1.3 Frequência cardíaca normal (14)
9.1.4 ausência de crepitações (estertores) (20) ou a presença ou melhora nos ruídos respiratórios anteriormente ausentes ou diminuídos
9.1.5 Radiografia torácica normal (2)
9.1.6 Melhora na tensão arterial de oxigênio (PaO2) e diminuição do gradiente alvéolo- arterial de tensão de oxigênio ou P(A-a) O2 (1,3,4,9,10)
9.1.7 Aumento da Capacidade Vital (CV) e do pico de fluxo expiratório (4,16,17)
9.1.8 Retorno da capacidade residual funcional (CRF), ou da CV a valores pré-operatórios, (15-17), na ausência de ressecção pulmonar.

9,2 Melhora do desempenho dos músculos inspiratórios
9.2.1 Recuperação dos níveis pré-operatórios de fluxo e volume (1)
9.2.2 Aumento da Capacidade Vital Forçada (CVF)


10,0 RECURSOS:

10.1 Equipmento
10.1.1 inspirômetro de incentivo
10.1.2 Faltam evidências conclusivas que apoiem a utilização de um tipo ou marca de dispositivo de inspirometria de incentivo em detrimento de outros (20,22)

10,2 Pessoal
10.2.1 pessoal de Nível I deve possuir
10.2.1.1 Domínio das técnicas operacionais e de aplicação clínica do dispositivo (6) e compreensão da importância do alívio da dor efetivo no período pós-operatório (15,16,18) e da ausência de outros impedimentos à cooperação do paciente (como deficiência sensorial e efeitos residuais da anestesia (12,17))
10.2.1.2 Capacidade de instruir paciente na técnica de utilização correta (2,6) e uma compreensão da importância do ensino pré-operatório e da prática supervisionada
10.2.1.3 Capacidade de resposta adequada aos efeitos adversos
10.2.1.4 Conhecimento e capacidade de implementar Precauções Universais

10.2.2 Pessoal de Nível II, além de possuir conhecimentos e habilidades descritas nos itens 10.2.1.1-10.2.1.4, deve também ter demonstrado capacidade para avaliar a necessidade do paciente e a resposta à terapia e recomendada modificações e descontinuidade, conforme o caso.
Nota do tradutor: Nos EStados Unidos existem algumas categorias profissionais que não existem no Brasil, como por exemplo o fisioterpaeuta assistente. Acredito que seja esta a referência ao pessoal de nível I e II feita no texto acima. 

11,0 MONITORIZAÇÃO:

A supervisão direta do desempenho de cada paciente não é necessária caso o paciente tenha demonstrado domínio da técnica; (6,16,23) Entretanto, a instrução pré-operatória, as metas em relação ao volume, e o feedback são essenciais para o desempenho ideal.
11,1 observação do desempenho do paciente e utilização
11.1.1 freqüência das sessões (16)
11.1.2 número de respirações / sessão (16)
11.1.3 Objetivos alcançados em termos de volume ou fluxo inspiratório (16) e a também a pausa respiratória de 3 a 5 segundos.
11.1.4 Esforço / motivação (16)
11,2 Observação periódica da adesão do paciente à técnica, (6,16,23), com instrução adicional, sempre que necessário.
11,3 Dispositivos ao alcance do paciente (5) e paciente incentivado a realizar os exercícios de forma independente
11,4 Novos e maiores volumes inspiratórios estabelecidos a cada dia
11,5 sinais vitais

12,0 FREQÜÊNCIA:

Alguns autores sugerem que o paciente realize no mínimo de 5 a10 respirações por sessão, sendo cada sessão repetida a cada hora enquanto acordado (isto é, 100 vezes por dia). (2,7,19) O cuidador não precisa estar presente em cada sessão, e o paciente deve ser encorajado a executar a inspirometria de forma independente.


13,0 CONTROLE DE INFECÇÃO:

13,1 Precauções universais (24)
13,2 Rotulagem e armazenamento adequado dos aparelhos entre os usos e também limpeza adequada dos aparelhos entre os pacientes (25)

Vídeos de padrões anormais de marcha

 
Deixo hoje um link para o download de um arquivo com vários vídeos com exemplos de marchas patológicas.
Infelizmente o audio está em inglês, mas estou pensando seriamente em dispensar algumas horas do meu dia para legendar alguns destes vídeos.
Espero que gostem,
 
 

 

Os determinantes da marcha

 
Em 1953, Saunders e colaboradores, publicaram um trabalho no “Journal of Bone and Joint Surgery” (disponível para download) no qual descreveram seis mecanismos de otimização da marcha humana. Estes mecanismos, batizados de "determinantes da marcha", teriam como objetivo reduzir o deslocamento do centro de gravidade durante a marcha.
Conhecer os determinantes da marcha é item obrigatório para quem pretende se aprofundar no estudo da marcha humana. Mas para aqueles que não estão interessados em passar divertidas horas lendo livros de biomecânica, basta entender que são estratégias para aumentar a eficiência e a conservação de energia durante a caminhada. Ou seja: são maneiras que o corpo humano encontrou para andar por mais tempo e se cansar menos.
Mas os determinantes da marcha não são só uma curiosidade teórica. Eles complementam sua análise da marcha e podem ser muito úteis ao fisioterapeuta para identificar mais rapidamente padrões alterados de movimento durante a marcha – e isso é particularmente importante, pois creio que assim como eu boa parte dos fisioterapeutas brasileiros não contam com um laboratório de marcha para avaliar seus pacientes.
Pois bem, chega de blá-blá-blá e vamos ao que interessa:

A MARCHA HUMANA - Entendendo o Deslocamento do Centro de Gravidade
A marcha é uma tarefa motora que envolve um padrão complexo de contrações musculares em diversos segmentos do corpo. A análise da marcha é feita dentro do evento definido como "ciclo da marcha", que é a descrição da seqüência de eventos que ocorrem em um membro inferior entre dois contatos iniciais consecutivos do mesmo pé.
Pensando em termos biomecânicos, a marcha pode ser vista como o deslocamento do centro de gravidade do corpo através do espaço com o menor consumo de energia possível.
Na verdade, esse consumo de energia não é constante. Isso ocorre devido a característica de aceleração e desaceleração e partidas e paradas dos membros inferiores, e ainda, devido ao deslocamento do centro de gravidade para cima e para baixo e de um lado para o outro.

A figura abaixo ilustra bem o deslocamento para cima e para baixo do centro de gravidade. Imagine uma criança que resolva riscar a vidraça de uma loja enquanto caminha despreocupada. Perceba que a linha traçada não será perfeitamente horizontal ao solo, na verdade ela se parecerá com uma onda, ou em termos mais apropriados: uma senóide, refletindo a subida e descida do centro de gravidade do corpo durante a passada.


Durante o ciclo da marcha, o centro de gravidade é deslocado duas vezes em seu eixo vertical. O pico se dá durante o meio da postura na fase estática quando a perna que sustenta o peso está vertical e seu ponto mais baixo quando as duas pernas estão sustentando peso com posição de apoiar o calcanhar e a outra em ponta de dedos. Linguagem técnica é meio difícil de entender né? mas vamos trocar em miudos: o ciclo da marcha envolve um passo com a perna direita e um passo com a perna esquerda, para cada passo, uma subida e uma descida do centro de gravidade.
Em relação ao deslocamento latero-lateral, este também comporta-se como uma senóide, a figura abaixo é um gráfico que demonstra os dois movimentos ocorrendo simultâneamente.




DETERMINANTES DA MARCHA

Para obter eficiência e conservação de energia durante a marcha, o deslocamento vertical do Centro de Gravidade deve ser minimizado. Os determinantes da marcha, são estratégias de movimento que justamente reduzem a magnitude dos deslocamentos do Centro de Gravidade pois se o nosso centro de gravidade subisse e descesse com grande amplitude, andaríamos "quicando". Além de ridículo, teríamos de nos adaptar a um gasto energético muito grande e a simples tarefa de ir a esquina comprar pão seria uma verdadeira malhação.
Vamos deixar o silly walk de lado e voltar a nos concentrar nos seis determinantes da marcha:

(1)Rotação Pélvica:
Durante a marcha, realizamos um movimento de dissociação de cinturas. A pelve faz um movimento alternado de rotação para a direita e para a esquerda de cerca de quatro graus. Com o membro inferior vertical e o pé apoiado no solo, para uma passada é necessário flexionar e estender os quadris. Uma vez que a pelve é uma estrutura rígida, o movimento ocorre alternadamente em cada quadril a qual passa de uma rotação interna para externa durtante a fase de apoio.A rotação pélvica é o mecanismo que permite que a pelve rode sobre um eixo vertical de maneira a avançar o quadril que entra em flexão e recuar o quadril que entra em extensão. Ao se realizar esta discreta rotação, o corpo pode "economizar movimento", pois diminui a necessidade de flexão e extensão de quadril necessários para o passo.

(2) Inclinação Pélvica:
Durante os movimentos de flexão e extensão dos quadris ocorre oscilação para cima e para baixo do tronco. A inclinação pélvica durante a marcha reduz esses movimentos verticais do tronco, de modo que quando o membro esta apoiado em sua maior altura, a pelve inclina-se para o lado em balanço (como se fosse um "trendelenburg”- veja na figura abaixo), e dessa maneira, a oscilação vertical no ponto médio da pelve fica menor. A propósito: A combinação da rotação com a inclinação pélvica fizeram a fama da Garota de Ipanema e das mulatas do Sargentelli.

(3) Flexão de Joelho na Fase de Apoio:
Ao terminar a fase de balanceio, o joelho encontra-se completamente extendido pouco antes do calcanhar tocar o solo. Neste momento, encerra-se a fase de balanço e inicia-se a fase de apoio. Quando o corpo avança sobre o membro que está apoiado no solo ocorre uma pequena onda de flexão de joelho, que é bem rápida, e tão logo o centro d egravidade tenha se deslocado por sobre o joelho, este volta a extender-se até a extensão total no fim da fase de apoio.
Mas para que serve esta pequena onda de flexão do joelho?
A flexão do joelho encurta o membro no início do apoio simples, reduzindo a altura do ápice da trajetória do centro de gravidade no plano sagital. Esse mecanismo ajusta o comprimento efetivo do membro inferior durante a fase de apoio, a fim de manter a altura do quadril a mais constante possível.

Eu sei que muita gente torce o nariz para gráficos, mas vale a pena analisar esse aqui de cima com um pouquinho de atenção. O joelho flete duas vezes durante o ciclo da marcha, neste momento, o que nos interessa é observar a primeira onda de flexão do joelho, que ocorre justamente na fase de apoio e está associada à resposta de carga. Além de reduzir o deslocamento vertical do centro de gravidade, esta pequena onda de flexão de aproximadamente 20 graus também serve para absorver parte da energia do impacto do mebro com o solo.

(4 e 5) O quarto e quinto determinantes da marcha dizem respeito a interação entre tornozelo, joelho e pé.
Os graus de flexão e extensão que ocorrem durante a fase de apoio entre estes três componentes são intimamente relacionados e previsíveis, e também atuam na minimização do deslocamento do centro de gravidade. no início do apoio o retropé “alonga” o membro inferior, e no final desta fase, é a flexão plantar do tornozelo que produz o seu “alongamento”. Isso ocorre a partir do momento em que o retropé se desprende do solo, e a flexão plantar do tornozelo faz com que o antepé efetivamente alongue o membro, reduzindo a queda do centro de gravidade no final do apoio

(6) Deslocamento lateral da pelve
Em cada passo, o corpo é desviado ligeiramente sobre a perna que apóia peso. O corpo desloca lateralmente de um lado para o outro aproximadamente de 4 a 5 cm em cada passada. Esse deslocamento aumenta durante a marcha se os pés estão mais separados e diminuem se os pés estão mais próximos um do outro e minimizam o deslocamento horizontal do centro de gravidade


Segundo Perry (1992), a interação destes determinantes representam uma melhora de 50% na eficiência da marcha. Entretanto existem muitas controvérsias sobre o tema. Diversos autores afirmam que todos os determinantes citados de fato existem, porém questionam o seu papel na amenização do deslocamento do centro de gravidade. Abaixo deixo dois links para aqueles que quiserem torrar os miolos estudando este tema.
 
 
 

Boa caminhada
 

 

Velocidade da marcha, o sexto sinal vital?

 
Temperatura Corporal ... Frequência Cardíaca ... Pressão Arterial ... Freqüência Respiratória ... Dor ... e ... ?
Estamos prontos para um sexto sinal vital? Você já parou pra pensar que talvez a mensuração da velocidade da marcha deva ser realizada de rotina? Quem concorda? Quem discorda? Seriam as evidências fortes o suficiente para identificar a velocidade da marcha como o sexto sinal vital? Será que este sinal vital deve ser apenas algo a ser documentado OU será que de fato a modificação da velocidade por meio da fisioterapia é capaz de modificar para melhor a vida de alguém?

No final do ano passado foi publicado um "white paper" na revista geriatric physical therapy, onde as fisioterapeutas Stacy Fritz, e Michelle Lusardi, ambas PhDs fazem uma belíssima revisão do tema e lançam a discussão.

Tenho certeza que mesmo que não consigam estabelecer a velocidade da marcha como sinal vital, certamente terão dado uma imensa contribuição para difundir ainda mais este teste como parte integral da avaliação fisioterapêutica.

Abaixo o link para quem quiser baixar o artigo original e em seguida, a tradução livre do artigo.
Boa leitura

http://www.geriatricspt.org/members/pubs/journal/2009/32-2/JGPTVol32No2fritz.pdf


Velocidade da marcha, o sexto sinal vital

A velocidade de caminhada é "quase a medida perfeita". Pois é uma medida confiável, válida, sensível e específica. A velocidade de caminhada auto-selecionada, também chamada de velocidade da marcha (VM), correlaciona-se com a capacidade funcional, e equilíbrio. A VM tem o potencial para prever o estado de saúde futuro, e o declínio funcional, incluindo internação, alta e mortalidade. A VM reflete tanto as mudanças funcionais quanto fisiológicas, é um fator discriminante na determinação do potencial para reabilitação, e auxilia na previsão de quedas e também o medo de cair. Além disso, a progressão da VM tem sido associada a alterações clínicas significativas na qualidade de vida e na identificação da marcha comunitária e domiciliar. Devido a sua facilidade de uso e propriedades psicométricas, a VM foi utilizada como um preditor e também como medida de desfecho em vários diagnósticos. Além disso, a VM foi escolhida por um grupo de especialistas como a avaliação padronizada para medir a função de locomoção para o Domínio de Função Motora do NIH Toolbox.
A velocidade da marcha, assim como a pressão arterial, pode ser um indicador geral que pode predizer eventos futuros e refletir diversos processos fisiológicos subjacentes. Enquanto a VM não pode estar sozinha como o único preditor das capacidades funcionais, da mesma forma que a pressão arterial não é o único sinal de doença cardíaca,a VM pode ser usada como um “sinal vital” funcional, para ajudar a determinar desfechos, tais como o estado funcional, o local para onde o paciente será encaminhado após a alta hospitalar, e a necessidade de reabilitação (Figura 1).


Caminhar é uma atividade funcional complexa, assim, muitas variáveis contribuem ou influenciam a VM. Estas incluem, mas não se limitam a: estado de saúde do indivíduo, controle motor, desempenho muscular e condição músculo-esquelética, função sensorial e perceptiva, resistência e nível de atividade habitual, estado cognitivo, motivação e saúde mental, bem como às características do ambiente em que a pessoa caminha.
Embora as medidas de desempenho utilizadas em conjunto com a VM são freqüentemente mais capazes de prever o estado de saúde, a utilização isolada da VM pode ser uma excelente preditor. Por exemplo: sozinha, a VM foi capaz de predizer o local da alta hospitalar 78% das vezes, e a adesão de uma avaliação cognitiva ou dos escores iniciais da Medida de Independência Funcional (MIF) não reforçaram significativamente a capacidade de definir se um paciente terá alta para casa ou para uma casa de repouso geriátrica (skilled nursing facility).
Várias avaliações padronizadas e testes de desempenho físico são capazes de predizer o nível funcional e eventos relacionados com a saúde de forma confiável. No entanto, o uso consistente destas medidas não é amplamente praticada. Fatores que contribuem para esta não-utilização de avaliações padronizadas podem incluir o tempo insuficiente, equipamentos ou espaço inadequados, ou a falta de conhecimento na interpretação das avaliações. A VM é uma medida padronizada que pode ser rápida e facilmente incorporados no processo de avaliação/análise do fisioterapeuta.
A determinação de viabilidade é o primeiro passo essencial na decisão de usar ou não um determinado teste ou medida na clínica. As principais questões que os clínicos devem levantar sobre a viabilidade de um teste ou medida são:
(1) O teste é seguro?
(2) O teste é efetivo?
(3) O quão fácil é a administração deste teste?
(4) O quão fácil os resultados do teste são classificados e interpretados?
Uma resposta afirmativa a todas estas perguntas, como o que acontece com a VM, leva a viabilidade de uso em um contexto clínico. A VM é uma medida segura, não requer equipamento especial, não acrescenta nenhum custo adicional a uma avaliação, requer pouco tempo adicional (pode ser administrada em menos de 2 minutes), é fácil de calcular (distância / tempo), e é fácil de interpretar com base em normas publicadas (Figura 2).


A VM pode ser avaliada com rapidez e precisão na maioria dos cenários da prática de fisioterapia, incluindo atendimento domiciliar, reabilitação aguda e subaguda, locais de cuidados prolongados, e escolas. As medições de velocidade de caminhada são altamente confiáveis, independente do método de medição, das populações e das deficiências investigadas. O exame da VM requer um cronômetro e um espaço de cerca de 20 pés (pouco mais de 6 metros). Se possível, a medição deve ser realizada 3 vezes (com poucos minutos de descanso entre as tentativas). A média de três tentativas irá fornecer uma estimativa mais precisa da velocidade real auto-selecionada do que a medição de uma única tentativa.
A Figura 3 mostra um método confiável e barato para coletar a VM utilizando o teste de caminhada de 10 metros (m). Este teste requer um caminho de 20 m em linha reta, com os 5m iniciais reservados para aceleração, 10m para andar em velocidade auto selecionada, e os 5m finais para desaceleração. Marcadores são colocados na posição 5 e 15 m ao longo do caminho. O paciente caminha "em um ritmo confortável" de um extremo ao outro. O fisioterapeuta utiliza um cronômetro para determinar quanto tempo leva para o paciente a atravessar os 10 m centrais do percurso, acionando o cronômetro assim que o membro do paciente atravessa o primeiro marcador e interrompe a cronometragem assim que o membro do paciente cruza o segundo marcador.


Caso não tenha disponível uma passarela de 20 m, distâncias mais curtas podem ser usadas, contanto que haja espaço suficiente para a aceleração e desaceleração (por exemplo, aceleração de 5 pés, 10 pés de marcha livre, e 5 pés finais de desaceleração).
Enquanto a VM varia de acordo com idade, sexo e antropometria, a variação normal da VM varia de 1,2m/s a 1,4m/sec. Esta diretriz geral pode ajudar no acompanhamento de nossos pacientes, juntamente com as normatizações por idade (Figura 2), e outros pontos de corte citados (Figura 1). A interpretação da VM inclui também identificar quando uma mudança constitui-se verdadeira ou um erro da medição. Em um estudo recente, com um grupo diversificado de participantes idosos e com diagnósticos clínicos variados, a variação de 0,05 m / s foi calculada como sendo a mudança necessária para identificar uma variação significativa na VM. Além disso, para pacientes que não têm uma velocidade de marcha normal, uma variação de menos 0,1 m / s é um indicador útil do bem-estar, enquanto uma redução no mesmo montante está relacionada com piores condições de saúde, maiores deficiência, maior tempo de internação e aumento dos custos médicos.
A velocidade de caminhada é uma ferramenta de avaliação e triagem fácil e acessível que deve ser realizada para obter informações sobre a segurança do deslocamento e capacidade funcional de nossos pacientes. Os fisioterapeutas, como especialistas em movimento e função, pode usar a VM como um prático e funcional sexto “sinal vital", examinando a velocidade da marcha da mesma forma que rotineiramente monitoramos a pressão arterial, a freqüência cardíaca, respiratória, temperatura e dor.
Esta revisão resume as fortes propriedades psicométricas da VM e as evidências robustas que justificam a utilização desta medida clínica. A velocidade de caminhada é facilmente mensurável, clinicamente interpretável, e um fator de risco potencialmente modificável. Por estas razões, utilizar a VM como o sexto sinal vital é tanto pragmático quanto essencial.

 

 

Marcha Hemiparética

 


A hemiplegia/hemiparesia que comumente segue-se ao AVC é o sinal clínico mais óbvio e o principal interesse dos terapeutas. Quando ocorre uma lesão vascular ao SNC acompanhada de comprometimento motor, a resposta muscular normal às demandas corticais e o feedback sensorial encontram-se alterados. O comportamento motor de pacientes que sofreram um AVC, pode ser caracterizado pela desorganização de mecanismos reflexos complexos, que constituem a base do movimento voluntário elaborado.

A marcha é uma tarefa motora complexa, que envolve um padrão intrincado de contrações musculares em diversos segmentos do corpo, a fim de produzir o movimento coordenado de passos. A análise da marcha é feita dentro do evento definido como ciclo da marcha, que é a descrição da seqüência de eventos que ocorrem em um membro inferior entre dois contatos iniciais consecutivos do mesmo pé, e consiste basicamente em duas fases: a fase de apoio e a fase de balanço. Nas velocidades da marcha escolhidas livremente, os adultos normalmente passam cerca de 60% do ciclo na fase de apoio e 40% na fase de balanço. Ao início e ao final da fase de apoio ocorre um período de apoio duplo, isto é, um período em que ambos os pés estão em contato com o solo e que corresponde a 10% do total do ciclo total da marcha.

Para muitos pacientes hemiparéticos o esforço, ou gasto energético de caminhar é uma preocupação constante e freqüentemente limita o tipo e a duração das atividades de vida diária. Como resultado, a independência em se mover em casa ou na comunidade pode encontrar-se significativamente comprometida13. A marcha do paciente hemiparético está associada a padrões anormais de ativação muscular que refletem a paresia e a espasticidade. Embora hajam diferenças de paciente para paciente, algumas generalizações acerca do padrão de marcha podem ser feitas.
Durante a marcha hemiparética, movimentos compensatórios produzem um deslocamento anormal do centro de gravidade, resultando em um maior gasto energético. Além disto, déficits sensitivos, movimentação inadequada da perna, e freqüentemente dor devido às deformidades contribuem para a perda de equilíbrio, quedas e aumento da ansiedade diante da deambulação. A alteração da marcha classicamente descrita é o movimento de circundução realizado pela perna afetada. Este padrão de movimento é denominado “marcha ceifante” (alguns também a descrevem como "marcha helicoidal"). Porém uma observação mais acurada, analisando cuidadosamente as fases e sub-fases do ciclo da marcha é capaz de revelar alterações específicas dentre as quais destacam-se:
(1) Uma menor velocidade da marcha quando comparada com indivíduos que não sofreram um AVC,
(2) Assimetria entre o período de apoio e de balanço,
(3) Redução do período de apoio do membro afetado,
(4) Redução do comprimento do passo no lado afetado, e
(5) Contato inicial do pé durante a fase de apoio ocorrendo com o antepé devido a hiperatividade dos plantiflexores.
Isto torna a marcha hemiplégica lenta, laboriosa e abrupta, acarretando dificuldade na transferência de peso e maior gasto energético para o paciente.

Diversos trabalhos identificaram discrepâncias entre as fases de apoio e balanço de pacientes hemiparéticos, sendo observada durante a marcha uma fase de balanço prolongada no lado afetado e uma fase de apoio prolongada no lado não afetado, sendo que esta discrepância aumenta nos pacientes com menores velocidade de marcha.

Segundo TITIANOVA et al, em 2003, o peso corporal, a localização da lesão e o tipo de AVC não mantêm relação significativa com a velocidade da marcha, cadência, comprimento do passo ou simetria entre as fases da marcha de pacientes hemiparéticos crônicos. (TITIANOVA EB, PITKÄNEN K, PÄÄKKÖNEN A, SIVENIUS J, TARKKA IM. Gait characteristics and functional ambulation profile in patients with chronic unilateral stroke. Am J Phys Med Rehabil 2003; 82:778–786)

Infelizmente não encontrei nenhum vídeo bom no youtube. Acesse o seguinte endereço e assista uma demonstração de marcha hemiplégica
http://video.google.com/videoplay?docid=5181557648299922854
 

 

Testes de marcha. Faça você mesmo: Velocidade da Marcha, Timed Up & Go e Teste de Caminhada de 6 Minutos

 
Vou deixar hoje a descrição e a referência de três testes para avaliação funcional da marcha. Vou falar do Timed Up & Go, do teste de velocidade da marcha e do Teste de Caminhada de seis minutos. São testes simples e facilmente aplicáveis, a única excessão talvez seja o teste de caminhada de seis minutos pois exige um corredor livre de obstáculos para ser realizado.
 
 
 
VELOCIDADE DA MARCHA
Segundo vários trabalhos a velocidade da marcha é um indicador com boa sensibilidade, ou seja: é capaz de detectar mudanças do estado funcional do indivíduo.
É um teste extremamente simples. Para realizá-lo você vai precisar de um cronômetro (não serve ampulheta e nem contar em voz alta) e de um corredor de pelo menos 20 metros de comprimento. Esta distância pode ser menor, dependendo da referência da literatura.
O primeiro passo é marcar no solo os primeiros e os últimos 5 metros. Solicite ao paciente a caminhar em velocidade confortável os 20 metros do percurso, mas só acione o cronômetro quando o paciente passar pela marca dos primeiros 5 metros (desta forma você evita de registrar a fase de aceleração da marcha) e interrompe a cronometragem quando o paciente passar pela marca dos últimos 5 metros (assim você evita de registrar a desaceleração).
Desta forma você só registra a velocidade do paciente nos 10 metros onde a velocidade dele permanece constante.
Para o registro, eu recomendo que façam 3 medidas de velocidade e tirem a média destas três. Uma outra sugestão seria fazer as três medidas e descartar a melhor e a pior.
 
 
Referências
CUNHA IT, LIM PAC, HENSON H. Performance based tests for acute stroke patients. Am J of Phys Med & Rehabil 2002; 81 (11): 848-856.
OLNEY AS, RICHARDS C. Hemiparetic gait following stroke. Part II: Recovery and physical therapy Gait & Posture 1996; 4: 149-162.
 
 
TIMED UP & GO
O Timed Up & Go é outro teste simples e um excelente instrumento de avaliação das habilidades básicas para mobilidade independente. Neste teste, o examinador também utiliza um cronômetro digital, e registra o tempo em segundos gasto pelo paciente para realizar o teste. Você vai precisar de uma cadeira com encosto e apoio para os braços e um espaço de três metros livre de obstáculos. Quando eu faço este teste, eu coloco a cadeira a três metros de uma parede, assim não corro risco do paciente ultrapassar demais os três metros (não tem problema nenhum em usar uma parede ou um risco no chão, desde que você utilize sempre a mesma distância em todas as avaliações).
O paciente é orientado a se levantar da cadeira, caminhar uma distância de três metros, dar meia volta, retornar para a cadeira e sentar-se novamente. Neste teste, o paciente pode utilizar dispositivos auxiliares de marcha (muleta, bengala) se necessário.
 
 
Referência 
PODSIADLO D, RICHARDSON S. The timed up & Go: A test of Basic Functional Mobility for Frail Elderly Persons. J Am Geriatr Soc 1991; 39: 142-148.
 
 
TESTE DE CAMINHADA DE SEIS MINUTOS (TC6M)
O TC6M é um indicador do estado funcional geral, e por este motivo tem sido cada vez mais preconizado na avaliação de resultados de reabilitação cardiopulmonar e neurológica. Este é outro teste que necessita de um cronômetro e de um corredor plano e livre de obstáculos com pelo menos 30 metros de comprimento (algumas pessoas utilizam um saguão quadrado com pelo menos 15 metros em cada lado). Uma observação: Pessoas transitando pelo corredor são consideradas obstáculos!
Faça marcações no solo ou na parede a cada metro do percurso . O paciente deve ser instruído a percorrer a maior distância possível em seis minutos caminhando de um extremo ao outro do corredor. O paciente pode utilizar dispositivos auxiliares da marcha tais como bengala ou muleta. Em caso de sentir-se cansado, pode interromper a caminhada para descansar e reiniciá-la quando julgar oportuno, porém o cronômetro deve continuar acionado até o término do período de seis minutos. Durante todo o teste, o avaliador deve seguir o paciente a alguns passos de distância, e utilizar frases de incentivo como “continue assim, você está fazendo um bom trabalho”, “mantenha este ritmo, está muito bom”. ( se você ficar na frente ou ao lado, você pode sem querer ditar o ritmo da marcha do paciente).
 
 
Referência:
STEELE B. Timed Walking Tests of Exercise Capacity in Chronic Cardiopulmonary llness. J Cardiopulmonary Rehabil 1996; 16: 25-33.
MOSSBERG KA. Reliability of a timed walk test in persons with acquired brain injury. Am J Phys Med Rehabil 2003; 82: 385-390.
CUNHA IT, LIM PAC, HENSON H. Performance based tests for acute stroke patients. Am J of Phys Med & Rehabil 2002; 81 (11): 848-856.
 
 
Espero que tenha sido útil.
 

 

Modelo 3D para estudo da marcha humana

 
A análise da marcha é um assunto essencial para o fisioterapeuta e uma matéria obrigatória no currículo. No entanto é um tema árido, muitas vezes ensinado na base da decoreba. O professor que por ventura venha a ministrar uma aula sobre a marcha normal tem em mãos uma tarefa árdua pois precisa ser muito habilidoso para cativar o interesse dos alunos e evitar os poderosos efeitos soníferos dos gráficos com a variação angular das articulações dos membros inferiores.
Às vésperas da prova, o pobre do aluno bebe baldes de café para poder memorizar as fases e subfases do ciclo da marcha e acende velas, faz promessas, reza uma novena para que na hora da prova não caia nenhuma pergunta sobre a sequência de ativação muscular de cada fase.
Mas infelizmente a análise da marcha é assim: chata . . . a menos que você faça estágio em um laboratório de análise da marcha, aí o buraco é mais embaixo. Neste caso, o afortunado acadêmico se depara com equipamentos sofisticados, câmeras de vídeo e programas de computador que retornam todos os parâmetros da marcha e fazem com que ele (ou ela) entenda na prática, ao vivo e a cores, a importância de se compreender o ciclo normal e suas variações.

No final de contas é tudo uma questão de tornar o tema interessante.

Nesse sentido, para ajudar o pessoal que tem de estudar a análise da marcha hoje eu deixo um presente especial, que com certeza vai complementar as trocentas páginas xerocadas que deverão ser lidas antes da prova final.
 
Deixo o link de um arquivo .mov (é um arquivo do programa quick time) que mostra um modelo 3D interativo de esqueleto humano. Neste modelo, é possível girar o esqueleto em 360 graus, fazêlo andar pra frente e pra trás em diferentes velocidades. Enquanto anda, os principais músculos ativados durante a marcha podem ser visualizados.

 

Mitos e Lendas da Fisioterapia - Exercício de apertar bolinha após um AVE

 

Olá pessoal,
Finalmente tomei coragem pra escrever um pouco sobre os mitos e lendas que envolvem a fisioterapia. Hoje vou falar de um tema praticamente onipresente no imaginário popular quando o assunto é AVE: As bolinhas de apertar.
 
 
Como tudo começou...
Há muito, muito tempo atrás, Lima Duarte interpretou um personagem chamado Dom Lázaro Venturini na novela Meu Bem, Meu Mal da Rede Globo. Em determinado momento da trama este personagem sofre um AVE, e ao longo dos capítulos seguintes, o seu processo de reabilitação se resumia aos cuidados prestados pela Dona Catifunda e aos exercícios de apertar uma bolinha macia.
Como podemos ver na reportagem abaixo, o mais fantástico nisso tudo é que de tanto apertar a bendita bolinha, Dom Lázaro voltou a ouvir, se movimentar e falar. Só não terminou a novela fazendo malabarismos na corda bamba porque o Lima Duarte tem medo de altura.
Infelizmente esta novela contribuiu na divulgação da falsa idéia de que uma pessoa com AVE deve ficar apertando bolinhas para recuperar os movimentos.
 
O Nervi Nervorum

Fisioterapeutas utilizam uma grande variedade de técnicas e conceitos de terapia manual para o tratamento de desordens musculoesqueléticas. Em muitos casos estas desordens são facilmente identificadas como uma disfunção articular e/ou desequilíbrio muscular. Entretanto, nem sempre a dor e limitação do movimento têm sua origem no músculo ou articulação. Em algumas situações especiais, o nervo periférico pode ser identificado como o causador das queixas. Na verdade, quando digo nervo periférico não estou me referindo ao axônio propriamente dito, mas sim ao tecido conjuntivo que envolve os nervos, o perineuro e sua inervação: o nervi nervorum.


O termo nervi nervorum vem do latim e significa “o nervo do nervo”. De fato, esta expressão é bastante adequada e ajuda a entender a função desta estrutura.

Os nervos periféricos possuem sua própria inervação nociceptiva, localizada na bainha de tecido conjuntivo mais externa, o epineuro. Este verdadeiro “mini plexo” (acho que posso me referir ao nervi nervorum desta forma) é composto de terminações nervosas livres, sensíveis à pressão e ao alongamento mecânico do nervo. A figura abaixo pode ajudar na visualização destas estruturas.


O que mais importante sobre esta postagem é que fique claro que, em condições normais, o Sistema Nervoso Periférico (SNP) permite movimentos e posturas livres de dor. Porém, em algumas ocasiões, o nervi nervorum pode apresentar mediadores inflamatórios, e vasodilatação neurogênica, desta forma gerando dor à palpação, além de limitação do arco de movimento. Esta resposta adversa ao tensionamento é a principal característica da disfunção do nervi nervorum. Aqui vale uma pequena observação: A disfunção do nervi nervorum é descrita na literatura pelos termos “neurodinâmica adversa”, “sensibilização do sistema neural”, ou “mecanosenssibilidade”. Infelizmente não existe um consenso quanto ao termo mais correto, porém o importante é saber que todos referem-se ao mesmo fenômeno neurofisiológico.

 


Aparentemente, quando o nervi nervorum responde de forma adversa ao tensionamento, ele é capaz de gerar dor e inibição da contração muscular. Balster & Jull, em 1997 iniciaram os estudos com eletroneuromiografia, demonstrando que tecidos neurais são protegidos do alongamento por meio de contração muscular reflexa não apenas mediada pela dor, mas também pela ativação dos receptores de alongamento localizados no nervo periférico Estes resultados demonstraram que o Teste de Tensão Neural do Nervo Mediano é capaz de evocar uma resposta de contração muscular protetora, relacionada a mecanossensibilidade do nervo durante o teste.


... Ok pessoal, o assunto é fascinante e permite páginas e páginas de discussões clínicas, mas vou parar por aqui. Em uma outra postagem eu falarei sobre o raciocínio clínico envolvido na indicação ou não das técnicas de mobilização neural.

Hasta la vista

Referência
SM Balster , GA Jull; Upper trapezius muscle activity during the brachial plexus tension test in asymptomatic subjects manual therapy, 1997 2 (3) , 144-149

 

 

Este mês na Manual Therapy - Mobilização Neural

 
Este mês na revista Manual Therapy foi publicado um trabalho muito interessante sobre a técnica de Mobilização Neural. O artigo tem o título: “Reliability, validity and diagnostic accuracy of palpation of the sciatic, tibial and common peroneal nerves in the examination of low back related leg pain”, que traduzindo seria algo como:
“Confiabilidade, validade e acurácia do diagnóstico de palpação do nervo ciático, tibial e fibular comum no exame de dor na perna relacionada a lombalgia.”

Trata-se de um trabalho que investigou se a palpação dos troncos nervosos (na forma que é preconizada nos cursos de mobilização neural) realmente seria capaz de identificar uma disfunção do nervi-nervorum. Neste artigo, a avaliação limitou-se ao Nervo Ciático, mas não vejo problema em extrapolar os resultados para os demais troncos nervosos.
Os resultados sugerem que achados positivos na palpação (dor e/ou desconforto) em mais de 2 pontos de palpação (nervo ciático, fibular ou tibial) são altamente sugestivos de que o paciente realmente tenha um processo de sensibilização do tecido neural.
Para maiores detalhes sobre disfunção do nervi-nervorum e sobre as técnicas de avaliação, releia os posts anteriores sobre mobilização neural.
Segue abaixo um breve resumo com os pontos principais deste artigo:

Confiabilidade, Validade e Acurácia do diagnóstico de palpação do Nervo Ciático, Tibial e Fibular Comum no exame de dor na perna relacionada a lombalgia

Introdução.
A presença de mecanosensibilidade do tecido neural (ou seja: a sensibilidade local sobre os troncos nervosos durante a palpação e dor em resposta a movimentos que alongam o nervo) é uma característica da dor de origem neural.
Em relação ao nervo Ciático, existem dois testes que se propõem a avaliar este fenômeno: o teste de elevação da perna retificada (EPR) e o teste Slump. A reprodução dos sintomas em resposta aos testes de EPR e Slump, os quais se intensificam pela dorsiflexão de tornozelo (manobras de diferenciação estrutural), é considerada como um fator na determinação da mecanosensibilidade do nervo ciático. A palpação dos troncos nervosos tem sido defendida como uma técnica de avaliação no exame das desordens de dor do tecido neural. Sob circunstâncias normais, troncos nervosos periféricos podem ser palpados sem gerar dor. Entretanto, se os troncos nervosos estiverem inflamados (ou sensibilizados), mesmo provocações mecânicas moderadas, como a palpação gentil, podem causar dor e respostas musculares.
Portanto, se o trato do nervo ciático estiver sensibilizado e uma resposta dolorosa for provocada pelos testes de EPR e Slump, então uma resposta dolorosa similar também pode ser gerada por uma palpação gentil sobre o nervo. Além disso, o aumento da sensibilidade da palpação do tronco nervoso pode ser manifestado pela redução do limiar de dor a pressão.

2. Métodos
Em estudos de acurácia diagnóstica, o teste sob avaliação é comparado a um padrão de referência. A palpação manual é o teste sob avaliação e, na ausência de um padrão ouro para mecanosensibilidade do nervo ciático, os testes de EPR e Slump foram utilizados como padrão de referência.

2.1. pacientes
Critérios de inclusão: presença de dor na perna relacionada a lombalgia unilateral e idade entre 18-70 anos).
Critérios de exclusão: Sinais de patologia grave, histórico de cirurgia na coluna ou doença neurológica, incapazes de tolerar o processo de testes.

2.2. Procedimento
2.2.1. Palpação Manual

A palpação manual foi realizada de acordo com o procedimento padrão (Fig. 1) aplicando pressão suave em 3 locais: (1) Nervo Ciático, no ponto médio de uma linha traçada a partir da tuberosidade isquial até o grande trocantes do fêmur; (2) nervo tibial: No ponto médio da fossa poplítea; e o nervo fibular comum, em seu trajeto por trás da cabeça da fíbula.
 


 

Palpação do Ciático





 

Palpação do Tibial

Palpação do Fibular




Os nervos foram palpados bilateral e simultaneamente. Pacientes foram questionados quanto a dor e desconforto, e em caso positivo, em que lado.
Caso a dor ou desconforto fossem relatados bilateralmente, o paciente era questionado sobre qual lado era pior. Relato de dor ou desconforto no lado sintomático ou mais dor/ mais desconforto no lado sintomático comparado com o assintomático foi registrado como positivo. De outra forma, os achados eram registrados como negativos.

2.2.2. Palpação mecânica
Após a palpação manual, e realizada a palpação mecânica (Fig2), utilizando um algômetro digital. A pressão foi aplicada pelo examinador em uma faixa de 50 kPa/s. Os pacientes foram instruídos a pressionar um botão quando a sensação induzida pelo algômetro mudasse da sensação de pressão para a sensação de pressão e dor.
Para cada nervo foram realizadas 3 medições exatamente nos mesmos pontos da palpação manual dos 3 nervos. A avaliação do lado assintomático seguiu-se ao lado sintomático.


Palpação Mecânica om algômetro


2.2.3. Testes de EPR e Slump.
 

Os testes de EPR e Slump foram realizados em ambos os lados, por um segundo examinados (cego aos resultados dos testes de palpação mecânica e manual).


4. Discussão
Dor irradiada para a perna é um problema comum, afetando até 57% dos pacientes com dor lombar. Vinte e cinco indivíduos foram identificados como negativos em um ou ambos os testes de EPR e Slump. E, portanto, classificados como negativos para mecanosensibilização do nervo ciático. Nestes indivíduos, assume-se que a dor irradiada esteja sendo causada por algum outro motivo que não mecanossenssibilidade do nervo (identificar a causa da dor irradiada nestes casos foge ao objetivo deste trabalho).
A grande proporção de indivíduos com testes de EPR e slump positivos (20/45) reflete a importância de se saber identificar a mecanosesnssibilidade do tronco nervoso como fonte da dor irradiada.
A palpação do nervo ciático teve grande acurácia para identificar a mecanosensibilidade do nervo ciático, seguida da palpação do tibial e fibular comum (tabela7). Um achado negativo neste caso (sem pontos de palpação) pode oferecer uma indicação de que a condição alvo (mecanosensibilidade do nervo ciático) pode ser descartada. Da mesma forma 3 de 3 pontos positivos de palpação tem baixa sensibilidade e alta especifidade. Um achado positivo nestes casos (3 pontos positivos de palpação) pode oferecer uma indicação de que a condição esteja presente. Portanto a palpação dos 3 pontos é recomendável na avaliação de pacientes com dor irradiada. Se dois ou mais estiverem presentes, a condição pode estar presente.

Uma limitação deste estudo pode ser a ausência de padrão ouro para mecanosensibilidade do nervo ciático, a resposta positiva ao EPR e Slump foram utilizados como referência Uma resposta positiva em apenas um dos dois testes pode ser um sinal de mecanosensibilidade. A definição neste estudo de que ambos os testes deveriam ser positivos pode ter aumentado a acurácia na identificação da mecanosensibilidade do ciático.
Embora os testes de EPR e slump possam ser testes de mecanosensibilidade ao “estiramento”, enquanto palpação possa ser um sinal de mecanosensibilidade à “pressão’, em estudos com modelos animais, tanto a sensibilidade à pressão quanto ao estiramento estavam presentes em casos de inflamação do tronco nervoso. Portanto o uso dos testes slump e EPR como padrão de referência se justifica.


5. Conclusão
Este estudo dá suporte ao uso da palpação dos nervos no exame clínico, com evidência de ótima confiabilidade e acurácia diagnóstica assim como validade para a palpação dos três nervos do membro inferior.
 
 
 
Para quem quiser o artigo original, acesse este link e baixe o arquivo.
valeu
 

O teste Slump e as manobras de diferenciação estrutural

 
Os testes neurodinâmicos (ou de tensão neural) se popularizaram bastante e creio que já podemos considerá-los como parte da avaliação de pacientes com queixas musculoesqueléticas. No entanto, como qualquer outro teste ortopédico, a resposta dos testes neurodinâmicos deve ser interpretada dentro do contexto clínico do paciente.
Assim, no post de hoje vou falar um pouco do teste neurodinâmico chamado Slump test (também descrito como teste da inclinação anterior ou teste da postura encurvada) e sobre o raciocínio clínico envolvido nas manobras de diferenciação estrutural deste teste.
Calma, se você nunca ouviu falar em diferenciação estrutural não entre em pânico, eu explico: diferenciação estrutural nada mais é do que o uso de manobras aplicadas durante o teste neurodinâmico, como forma de realçar o papel de tecido neural em contraste aos tecidos musculosqueléticos (Butler, 2000). Em outras palavras: A diferenciação estrutural nos permite verificar se a queixa do paciente está relacionada predominatemente a estruturas neurais ou a estruturas não neurais. É importante termos em mente que nem todos os sintomas provocados pelos testes de tensão neural podem ser considerados patológicos, pois o estiramento do tecido neural pode causar dor e restrição do movimento mesmo na ausência de disfunção do nervi nervorum. Assim, é essencial que o fisioterapeuta saiba realizar as manobras de diferenciação estrutural e interpretar corretamente seus resultados.


5- Solicite novamente a extensão de joelho e peça ao paciente para que, mantendo o joelho esticado, realize uma dorsiflexão de tornozelo. (Avalie o lado assintomático primeiro e compare ADM de joelho e tornozelo e mudança nos sintomas)

6- Mantendo a posição de extensão de joelho e dorsiflexão, "libere a cervical", pedindo ao paciente que olhe para cima. Questione sobre mudanças nos sintomas e avalie se houve mudança na ADM de extensão do joelho.

Entendendo o teste
Os fundamentos biomecânicos, ou melhor dizendo: neurodinâmicos do teste Slump envolvem o preceito de que o sistema nervoso central e periférico devem ser considerados como uma unidade, já que formam um tecido contínuo. Desta forma, a flexão cervical tende a tensionar a medula, as meninges e consequentemente os nervos periféricos. A adição de flexão cervical e da dorsiflexão de tornozelo durante o teste são exemplos de manobras de diferenciação estrutural.

A flexão cervical aumenta a tensão mecânica sobre o Sistema Nervoso, ao passo que a extensão cervical reduz esta tensão.

A dorsiflexão aumenta e a plantiflexão reduz a tensão sobre o Sistema Nervoso.

A adição destas manobras implica aumento da sensibilidade do tecido neural, resultando em uma diminuição da amplitude de movimento e/ou aumento dos sintomas. Assim, podemos dizer que o teste Slump é considerado positivo se houver aumento dos sintomas ou redução importante da ADM de extensão de joelho nas etapas 4 e/ou 5 e reduzido, com a extensão cervical na etapa 6.


Questionamentos 
Fisioterpauetas que trabalham com conceitos franceses (RPG, GDS, Osteopatia) podem argumentar que não é possível ter certeza de que estas manobras tensionam APENAS o Sistema Nervoso, pois as fáscias estabelecem um continuum ao longo do corpo, podendo também ser a fonte dos sintomas. De fato, foi demonstrado que a fáscia tóraco-lombar estabelece uma ligação direta do tronco com o membro inferior (Vleeming et al., 1995) e para os tendões dos músculos splenio capital e esplênio cervical no pescoço (Barker e Briggs, 1999). Isso levou à tese de que resultados positivos podem ser igualmente relacionados ao aumento da tensão no sistema fascial (Barker e Briggs, 1999).
Em defesa dos testes neurodinâmicos, utilizo dois argumentos:



[1] Foi realizado um estudo que investigou a capacidade das manobras estruturais ajudarem na distinção do envolvimento do tecido neural (Coppieters et al. The impact of neurodynamic testing on the perception of experimentally induced muscle pain. Manual Therapy 2005;10:52–60.). Coppieters et al, em 2005 conduziram um experimento utilizando dor muscular induzida nos músculos da perna. O experimento demonstrou que a adição das manobras estruturais no teste Slump e no teste de Elevação da Perna Retificada (outro teste de tensão neural) não tiveram qualquer efeito significativo sobre a percepção da dor. Ou seja: O teste neural não aumentou a dor induzida em estruturas sabidamente musculoesqueléticas, sugerindo que estas manobras seriam realmente específicas no tensionamento do Sistema Nervoso.

[2] Como eu disse no início desta postagem kilométrica, o teste deve ser avaliado dentro do quadro clínico do paciente. Uma boa avaliação das estruturas neurais envolve uma série de outros testes (veja os posts anteriores sobre mobilização neural). Desta forma, uma série de achados sugestivos de disfunção do nervi nervorum corroboram para fortalecer a hipótese de disfunção neurodinâmica como fonte de dor do paciente. Puxa, este post ficou muito maior do que o planejado.
Espero ter explicado mais do que complicado.

Sugestões de leitura: 

 

Mobilização Neural - Aspectos Gerais

Sugiro também uma leitura no blog do David Butler. Tem só duas postagens, mas tem um e-mail de contato para receber notícias do seu grupo de pesquisas em mobilização neural.

 

 

Testes de Tensão Neural para o Membro Superior - ULTT1

 
Ainda destrinchando os testes de ombro utilizados no caso clínico postado semana passada sobre PNF e instabilidade anterior de ombro, vou comentar um pouco sobre o teste neurodinâmico para o nervo mediano.
Os testes de tensão neural adversa ou testes neurodinâmicos são hoje um componente de rotina para muitos fisioterapeutas na avaliação de pacientes com queixas musculoesqueléticas. Estes testes são utilizados para se avaliar a sensibilidade do tecido neural ao stress mecânico. Não é o objetivo desta postagem revisar os fundamentos teóricos e nem o substrato fisiológico destes testes. para isso recomendo a leitura, ou releitura do artigo traduzido Dor do Tronco Nervoso: Diagnóstico Físico e Tratamento.
O desenvolvimento e divulgação dos testes de tensão neural é creditado a Butler, Elvey, Shacklock e Maitland. Existem 3 testes que avaliam a sensibilidade neural dos nervos do membro superior, originados de C5 a T1: O teste de tensão neural direcionado para o nervo mediano (ULTT1 -Upper Limb Tension Test.1), direcionado para o nervo radial (ULTT2) e ao nervo ulnar (ULTT3). Hoje vou descrever apenas o teste para o nervo mediano. Prometo no futuro outras postagens descrevendo os demais testes

NERVO MEDIANO - Neste exemplo supondo paciente com sintomas em membro superior esquerdo.
Sequência de movimentos para o ULTT1
(1) Para a testagem do membro superior esquerdo, o terapeuta fica de frente para a paciente, posicionando-a com a cabeça em posição neutra e abdução de ombro. Com sua mão esquerda, deve aplicar uma força suave para deprimir ligeiramente e estabilizar o ombro do paciente (esta estabilização é importante pois durante o teste, o paciente pode elevar o ombro e aliviar a tensão aplicada ao sistema neural falsificando o resultado do teste), e com a mão direita, envolve a mão do paciente, garantindo o controle do polegar e dedos.

(2)Realize uma rotação externa no braço do paciente (como na figura2), mantendo supinação de antebraço e extensão de punhos e dedos.



(2) Realize extensão suave do cotovelo. Neste momento o (ou a) terapeuta deve prestar atenção para a presença de resistência à extensão de cotovelo ou ao relato do paciente de dor ou reprodução dos sintomas, os quais indicariam um teste positivo.
--- Diferente da figura acima, eu realizo o teste com a paciente com a cabeça em posição neutra. Depois de obter a resposta "normal", eu repito o teste só que agora com a paciente mantendo a cabeça em inclinação lateral desde o início.---
(3) Agora que você sentiu a resistência à extensão de cotovelo e obteve a resposta do paciente quanto à reprodução das queixas e/ou presença de dor durante este teste, ainda faltam duas coisas para você confirmar o seu exame: A diferenciação estrutural e a comparação com a resposta obtida com o teste no braço direito.
A diferenciação estrutural é um procedimento preconizado por Shacklock, e consiste basicamente no alívio dos sintomas do paciente ou aumento da ADM de extensão de cotovelo ao se aliviar a tensão sobre o nervo. No caso do exemplo acima, pode-se fazer isso de duas formas: (1) retornando o punho e dedos para uma posição neutra e repetindo a extensão de cotovelo, ou (2) retornando a cabeça da paciente para a linha média e repetindo o teste.
Em ambos os casos, se houver redução da dor e sintomas e aumento da ADM de extensão de cotovelo, considera-se que exista uma tensão neural adversa no nervo mediano, possivelmente relacionada aos sintomas da paciente (Neste momento não vou discutir se essa restrição se deve à fáscia, para isso consulte o artigo que eu deixei traduzido e veja que existem outros sinais que indicam o envolvimento neural).
Não se esqueça de repetir o mesmo teste no braço contralateral. Se a resposta obtida for exatamente igual, mesmo com a reprodução de dor e limitação de ADM, então existirá a dúvida se esta seria uma resposta normal da paciente.
Quem quiser saber mais, existem várias monografias sobre mobilização neural disponíveis para download. Sugiro uma busca no google: "mobilização neural"*pdf, além de variações como "neurodinâmica", "tensão neural adversa", "teste de tensão"+"nervo mediano", sempre colocando um asterisco seguido de pdf (*pdf), pois assim o google te retorna arquivos pdf - as monografias são geralmente publicadas neste formato.
Quem quiser assistir ao teste, recomendo que acesse este link e assista ao vídeo desta manobra, muito melhor do que os que estão disponíveis no Youtube.

 

 

Artigo sobre mobilização neural - David Butler

 

Hoje inicio um upgrade no blog. Vou começar a postar alguns artigos científicos em formato pdf dos meus arquivos pessoais. Como? Em uma conta do 4share. Tomei essa decisão após perceber que minha postagem kilométrica sobre mobilização neural deixava o acesso ao blog lento demais.

 

Desta forma, hoje vou deixar uma pequena resenha a respeito de mais um artigo sobre mobilização neural. Trata-se de um dos primeiros artigos do David Butler (à direita, nos ebooks de fisioterapia você pode fazer um download do livro dele - em inglês), publicado em 1989 no Australian Journal of Physiotherapy. Mais uma vez informo que se trata de um trabalho antigo, que na verdade é um resumo do livro, mas que pode ser útil principalmente para alguém que esteja fazendo uma monografia ou queira apenas aprender um pouco mais.

 

 

Tensão Mecânica Adversa no Sistema Nervoso: Um Modelo de Avaliação e Tratamento

 

Neste artigo as bases anatômicas do conceito de mobilização neural são explicadas, ao menos na forma em que eram interpretadas na época. A interpretação dos sinais e sintomas atribuídos à uma Tensão Neural Adversa (TNA) são explicados baseando-se principalmente na anatomia e na biomecânica. Algumas referências quanto à presença de mecanoceptores localizados no tecido conectivo do nervo são brevemente comentados, mas o nervi nervorum ainda não é formalmente citado. Hoje sabe-se que a TNA é um fenômeno neurofisiológico (vou falar sobre isso em outro post) mediado pelo nervi nervorum.

Na minha opinião Butler já tinha o nervi nervorum sob suspeita, mas ainda não tinha argumentos o suficiente para incriminá-lo. Eu suspeito disso devido à uma observação ainda no início do artigo, onde ele comenta o uso da expressão “tensão neural”, a qual o autor considera “anatomicamente inapropriada” pois segundo ele os tecidos conectivos são muito mais tensionados do que os elementos neurais.

Após a revisão anatômica, o autor descreve a anamnese e a avaliação física, enumerando alguns itens que podem sugerir uma TNA como fonte dos sintomas musculoesqueléticos em um paciente. Ele termina descrevendo as técnicas de tratamento direta e indireta. Aqui cabe uma observação: O método de tratamento é o mesmo ensinado nos cursos da Valéria Figueiredo (não, eu não ganho jabá pra falar deste curso), no entanto, existe uma outra “corrente de pensamento” (acho que posso descrever assim) que utiliza técnicas de mobilização e avaliação diferentes das descritas por Butler. Essa segunda corrente tem como principal expoente um fisioterapeuta chamado Michael Shacklock, que de vez em quando ministra cursos aqui no Brasil. Infelizmente ainda não pude fazer o curso, mas para quem quiser saber mais, ele tem um livro publicado no Brasil chamado “Neurodinâmica Clínica”. Já folheei o livro e me pareceu bastante interessante. (segundo o buscapé fica entre R$105,00 e R$125,00). Se por acaso algum leitor tiver feito os dois cursos peço encarecidamente que divida suas opiniões com o público deixando um comentário nesta postagem.

Pois bem, acho que é isso. Clique AQUI para baixar o artigo.

Até mais
 

 

Mobilização Neural

 
Segue a tradução livre que eu fiz de um artigo de 1999 publicado na Manual Therapy sobre mobilização neural. Sei que é um post kilométrico mas optei por não excluir sequer uma linha pois são poucos os textos sobre mobilização neural em português. Pra quem não conhece o método considere este texto como uma apresentação, para aqueles já familiarizados, considerem esta traduçãocomo uma breve revisão.

DIVIRTAM-SE

DOR DO TRONCO NERVOSO: DIAGNÓSTICO FÍSICO E TRATAMENTO

 

T. M. Hall, R. L. Elvey

Private Practioner, Manual Concepts, Subiaco; Schoo

l of Physiotherapy, Courtin Uiversity, Australia

 

Resumo. O manejo da dor neuropática periférica ou da dor originária do tronco nervoso baseia-se em um cuidadoso diagnóstico diferencial. Em parte, a dor neurogênica tem sido atribuída tanto à uma atividade aumentada, quanto a um processamento anormal do input não-nociceptivo do nervi nervorum. Para que a dor neurogênica seja identificada como aspecto dominante de uma condição dolorosa, é preciso que hajam evidências, em todos os aspectos do procedimento de avaliação física, de um aumento da mecanosensibilidade em um tronco nervoso. Uma disfunção consistente pode ser identificada através de movimentos chave, tanto passivos quanto ativos, testes de provocação do tecido neural, assim como palpação do tronco nervoso. Se a condição vier a ser tratada através da terapia manual, uma causa local para a desordem de dor neurogênica também deve ser identificada. É apresentada uma abordagem de tratamento que já demonstrou ter eficácia no alívio da dor e restauração da função em desordens dolorosas cervicobraquiais onde existam evidências de envolvimento do tecido neural de acordo com o protocolo de exame de dor do tronco nervoso esboçado acima.

 

--------------------------------------------------------------------------------------------------
Recentemente, tem havido um grande interesse no possível papel exercido pelo tecido neural nas desordens dolorosas. A possibilidade de que a dor possa ter uma origem neurogênica não é nova (Marshall 1883; Madison Taylor 1909) mas o desenvolvimento mais recente de técnicas de exame e tratamento pode ser atribuído a Elvey (1979) e Butler (1991). Seus trabalhos na formulação e descrição dos testes de tensão do plexo braquial e de tensão do membro superior levaram ao renascimento do interesse no tecido neural como fonte de dor. Contudo, a infeliz nomenclatura de teste de tensão do plexo braquial (Elvey 1979), e teste de tensão do membro superior (Butler 1991) associada com a tensão mecânica adversa do sistema nervoso (Butler 1989), levaram muitos fisioterapeutas à uma preocupação com a mecânica defeituosa do tecido neural.Nos últimos anos houve um crescimento na compreensão da fisiologia da dor e tem havido um maior interesse na área do envolvimento do tecido neural em desordens dolorosas (Greenign & Lynn 1998; Zusman 1998), particularmente através da perspectiva fisioterapêutica. Este conhecimento requer considerações cuidadosas no manejo de desordens do tecido neural e necessitou de uma mudança na compreensão do tratamento físico da dor (Butler 1998), particularmente no que diz respeito à dor neuropática (Elvey 1998).

 

O propósito deste artigo é apresentar um esquema de exame clínico necessário para a avaliação do envolvimento do tecido neural em desordens de dor e disfunção, juntamente com uma abordagem terapêutica, para os casos onde haja uma causa musculoesquelética reversível na desordem de dor neuropática.

 

 

Translate this Page
Vote
O que voce gostaria de dizer pra quem ama ?
voce é um sapo.
vá se ferrar!!
me deixa em paz...
fica comigo?
te quero!
hoje tem?
ai se eu te pego!
senta aqui...
Ver Resultados

Rating: 2.1/5 (1046 votos)




ONLINE
1





Partilhe esta Página






Total de visitas: 382016